31 de dez. de 2009

Olá, ano novo!

Ano novo? Sim! Mas não totalmente, ele terá vestígios do ano passado. Nem tudo é novo, tudo é conseqüência de algo passado. Mas pode-se criar e eu acredito na inovação, mude para as coisas novas, apegue-se a elas. Viver às custas das coisas do passado nem sempre é o ato mais sábio a se fazer, às vezes coisas novas trazem resultados mais desejados, em sua maioria, coisas novas nos banham de prazer. Está na hora de largar aquele empreguinho chato e cansativo, aqueles amigos malvados que só pensam neles mesmos, sanguessugas interesseiros. É tempo de novas amizades e novos trabalhos. Ano novo! Vida nova? Não! A vida é unica e portanto cabe a você aproveitar o lado bom das coisas, a vida é bela, amigo(a), basta você enxergar onde reside a beleza, pois você tem uma vida apenas e ela não fica novinha do dia 31 para o dia 1, ela continua a mesma desgraça, se assim você quiser que seja. Portanto, aproveite o lado bom e novo, o lado ruim e velho deixe para as aranhas e cobras. Traga do antigo apenas os bons conhecimentos e lembranças, companheiros inseparáveis de infância, amigos leais. Parta para o novo e renove-se, sua vida pode e será melhor, basta acreditar e fazer acontecer.

Feliz ano novo e 'vida nova'! Um abraço!

30 de dez. de 2009

É a vida! (25)

O clima na cidade é abafado e aterrorizador. Carros despejam fumaça de gosto ruim, construções sombreiam a luz do sol e chove água dos ar-condicionados. Pessoas andam com pensamentos definidos, horários e compromissos. Não há espaço para resolver o problema dos outros, apenas quem está à margem pode oferecer alguma esperança.

- Hey! O carnaval já passou amigo! – disse o Mendigo.

Apuã sabia falar português, ele se virava bem, mas ler era complicado, não aprendera, ninguém em sua tribo sabia português, havia apenas um dialeto aportuguesado, aprenderam a falar fazendo trabalhos para os seringueiros. Seu português era horrível, porém compreensível.

- Você pode ler para mim?

Mostrou os papéis para o mendigo e deu um sorriso de por favor. O senhor esfarrapado olhou para ele e deu uma gargalhada, logo depois virou um pouco de sua garrafa de cachaça.

- Meu caro, este senhor aqui não sabe nem escrever o próprio nome!

- Eu também não!

- Vejo que você veio da floresta, os seringueiros não abrem mão de dar trabalho aos índios. Creio que você os conhece, hem, rapaz?

- Sim!

- Eles são perigosos, só pensam em dinheiro. És nada para eles, no menor descuido os rapazes entram em sua aldeia, abusam das mulheres e saqueiam tudo.

O senhor não sabia escrever mas era inteligente e sabia reconhecer muito bem uma situação de merecida ajuda.

- Não entendo nada que o senhor fala! – disse Apuã.

- Esqueça, rapaz. Minha filha chegará em casa brevemente, veja, ela mora ali. Dê uma passada por lá e fale com ela, diga que eu a indiquei. Ela poderá ler isso aí para você, me parece que são pedaços de jornais, será moleza. Ela lerá tudo, prometo, minha pequena criança tem um bom coração.

A palavra pequena criança fez Apuã lembrar de sua mãe de criação, Ataia. Ficou triste por um momento mas logo depois esqueceu essa tristeza, parecia ficar cada vez mais frio. Ainda pensava na mulher que viu na aldeia, a desejava muito, queria sua carne, debruçar-se em seus cabelos loiros, montar nela. Queria tudo, mas antes, deveria desvendar seu passado, depois, encontraria a mulher, a caçaria como um bixo, desvendaria os segredos do mundo em que ela vive e a possuiria. Ele prometeu para si mesmo.

- Veja, rapaz! Ela está chegando em casa, vá, rapaz, vá! Peça algo para comer também, ela não negará!

Apuã partiu em direção à casa cor-de-rosa, o passado talvez explicasse a escuridão que cresce em seus pensamentos e coração.

27 de dez. de 2009

Cão de Guarda

É curioso observar homens e mulheres em lojas, quando elas estão atacando as mercadorias. Parece que a raça masculina é indiferente para com a demora de suas companheiras para a escolha dos produtos, simplesmente sentam em um banquinho ali por perto e aguardam a complicada decisão das mulheres, na verdade, assistem a indecisão com olhos abatidos e rostos de desentendidos. Não discutem, talvez não o façam por amá-las demais ou por não quererem aborrecimento, eles já tem de enfrentar o decrescimento dos números da conta bancária, porém, para amenizar o buraco na conta, negam gentilmente a compra de alguns utensílios, com muito carinho e delicadeza em suas palavras, "não gostei, benzinho", "não combina com você", "poderás encontrar algo melhor em outra loja"; são basicamente vigias das consumidoras em potencial, afinal, doerá no bolso deles. Tudo isso é fruto de uma relação em que o homem é detentor da renda, mas quando a mulher tem renda própria a coisa muda. O homem é mais feliz e rico, não tem mais de vigiar as compras da mulher, saí passeando pelo shopping sozinho e larga a mulher nas lojas para que seja atacada por vendedores famintos por clientes e vendas, agora o rombo financeiro é por conta delas. Eles resolvem seus problemas, cuidam da aparência, compram coisas legais: o homem também tem de se divertir nas compras e contemplar o prazer do consumo.

26 de dez. de 2009

É a vida! (24)

Na noite tempestuosa e nebulosa, corre o índio fugitivo, caçado por matar sem motivo algum. O ciúme é a faísca que acende o rio de combustível da fúria, fez-se o desequilíbrio entre o bem e o mau, sombras mais tenebrosas que noite sem luar cobrem o coração e permeiam as atitudes de Apuã.

Corre e depara-se com ruídos nos arbustos. Pega sua lança e prepara-se para deferir o golpe no vulto entre a mata, entretanto, olha mais atentamente e reconhece o ente querido.

- Não machuque sua mãe de criação, Apuã. Venho lhe trazer conhecimento do passado, pequena criança.

Ataia pegou a bolsinha que guardara durante muito tempo, entregou-a para Apuã.

- Aqui está tudo o que precisa saber sobre seu passado, vá em busca de alguém que possa ler estes escritos para ti.

A índia velha desaparece dentro da mata, ágil para sua idade e com o coração amendontrado pelo seu filho querido.

- Que diabos o passado me reservou, mãe natureza? E o futuro, o que me trará?

O raio de sol penetra no vapor de água sob a folhagem das plantas. O índio corre em direção às grandes construções, montanhas altas e retangulares.

23 de dez. de 2009

Comentário (3)

Os ares de uma casa na praia são mais amenos do que os de um apartamento no centro, são dotados de calmaria e de um estilo incomum. Não há lugar melhor para se passar férias do que em um bairro isolado e calmo, resplandece um ar de tranqüilidade e relaxamento. Quando estamos em um ambiente conturbado parece que compartilhamos dos problemas das pessoas, também nos alimentamos de suas preocupações... É só nos isolarmos de tudo isso e sentimos o clima ficar leve e bucólico, receptivo para com nosso prazer de ócio e diversão. É  bom ter silêncio para dormir, não é completo graças às cantigas dos insetos, porém são como música para dormir, doces e naturais, muito diferente de pessoas gritando enquanto bebem em bares, talvez com o intuito de matar o strees, em vão.

Pela manhã os pássaros anunciam o novo dia enquanto acordamos ao som de seus cantos, e então percebemos que não aproveitamos as pequenas belezas oferecidas pela vida...

21 de dez. de 2009

É a vida! (23)

Apuã avistou um pedaço de madeira fincada na terra seca e correu em sua direção. Com muita força bruta e técnica, quebrou a madeira de maneira que uma de suas pontas ficasse extremamente afiada, fabricou-se a arma.

Correu em direção ao adversário com a força de um leão e a destreza de uma lebre, arremessou o instrumento de batalha com precisão, delicadeza e fúria. A tosca lança cortou o ar como se estivesse no vácuo, parecia possuir velocidade sobrenatural. O alvo observou o ato estático, sentiu a pressão em seu peito e contemplou a dor de ter seu coração cheio de paixão dilacerado pelo tosco e improvisado armamento. Voou 10 metros e seu corpo ficou pendurado em uma árvore, o sangue jorrava misturando-se às águas riacho.

Água tingida de sangue, ciúme saciado e sorriso de vencedor.

18 de dez. de 2009

Descrição de um momento...

O céu repentinamente enegrece. O som  da gloriosa chuva vem de longe avisar a chegada do aguaceiro. Raio, trovão, estrondo. Cai dançando na atmosfera da cidade, vai preenchendo os lugares da terra antes sequinha. Logo cobre todo o bairro com o manto molhado. Encharca as plantas e espanta os animais, muda a estúpida rotina. Corre pelos córregos, alaga os buracos e dorme na colo da mãe terra. É a senhora do momento.


17 de dez. de 2009

É a vida! (22)

O feixe de luz atravessa imponente a penumbra da escuridão, mas sua força é mínima comparada ao poder das trevas que cobrem a noite na mata.

O tempo é rápido e sagaz, quando acordamos já se passou muito tempo. Anos passam como um barco em um rio turbulento. Tudo flui e um dia algo de interessante tem de acontecer, afinal a vida é feita de inconstâncias.

Apuã um dia fora um menino, agora é homem que possui hábitos estranhos. Calado, sanguinário e artista amador. Pintava nas árvores com sangue de lobo e tripas de jaguatirica. Loiro de olhos azuis, vivia no meio de um monte de índios. Nada lhe agradava aos olhos, nem tinha apego à sua mãe adotiva - Ataia. Um dia tudo mudou, pois chegara uma expedição estrangeira, com médicos estrangeiros. Surpresa! Desceu do bote a deusa: alta, branquela e com olhinhos azuis da cor do orvalho das folhas das árvores. Caminhou acompanhada de seu companheiro, também de estilo europeu. Era um casal bonito.

Logo os visitantes puseram-se a trabalhar. Apuã observava a médica, com muita atenção e olhar de fascinação. Nunca havia sentido tamanho fogo corroer o peito. Paisagem mais bonita que por-do-sol no riacho.

A médica correu em direção ao seu parceiro, também médico, e abraçou-lhe. Efetuaram um beijo apaixonado. Logo os olhos de Apuã enegreceram de ciúmes e decepção. Começara o despertar de sentimentos obscuros e maquiavélicos. Escuridão sem fim e depreciativa.

O filhote de jaguatirica vasculha o esconderijo em busca da mãe. Procura em vão e deita-se em um canto para chorar sua solidão.

15 de dez. de 2009

Mije no Ralo!

Seu xixi não merece tanta água, portanto mije no ralo! Esta não é uma idéia original, mas é bastante ecológica e plausível.

Para que desperdiçar tanto H2O? Quantas vezes você mija por dia e quantas descargas são efetuadas? Faça as contas! Uma quantidade relevante de água é desperdiçada para diluir pouca quantidade de uréia. O ralo está apenas a alguns metros da privada... Então... Mije no ralo! É ecológico, seguro e prático. Isto não é uma piada, é uma dica simplesmente incrível! Nunca haveria de pensar em algo tão sensacional, nunca mais esquecerei esta nobre atitude!

Claro que existem outros métodos. Deixar o xixi acumular na privada, por exemplo. O fedor ficaria insuportável, mas é para o bem do planeta! Outra solução: urinar ao ar livre. Esta é uma atitude mais radical, refrescante e oferece um ar de liberdade. Funciona perfeitamente, apenas não banhe as pobres plantinhas com seu xixi, elas não merecem e... Cuidado com os curiosos, eles sempre estão por aí.

É isso! Até quando mijamos temos de pensar na economia dos recursos naturais! Urine no ralo e ajude nosso planeta!

14 de dez. de 2009

É a vida! (21)

Na mata molhada pelo orvalho estava a criança sorridente. Os passarinhos defecavam em seu rosto, porém a alegria do pequenino ser humano não era abalada pelo fedor surpreendente, talvez ele até apreciasse o sabor da titica.

Entre a densa mata da floresta surge uma nativa, atraída pelos berros de alegria do pequenino. Ataia carregava uma espécie de sacola feita com folhas de alguma árvore extremamente resistente, na sacola estavam dezenas de frutos os quais seriam para a celebração da noite, em sua aldeia. Ao avistar o motivo dos estridentes gritinhos infantis, Ataia largou o sacola e correu para amparar o bebê. Ele estava bem, forte e alegre, porém demasiadamente sujo.

- Quem é você, pequena criança?

A índia embrulhou a criança em seus seios robustos e se dirigiu para a aldeia, a sacola ficou por lá mesmo.

Curiosidade é algo curioso. Logo todos rodearam Ataia e o pequenino. Ele era branco demais, chamava atenção. Cabelos loiros e olhos verdes...

O Diferente pode trazer alegria ou desgraça.

Ataia deixou o bebê aos cuidados de outras índias e foi atrás de sua sacola. Achou-a e começou a examinar o local onde encontrara a criança. Encontrou uma bolsinha, talvez estivesse com o bebê. Guardou, poderia servir para algo em breve.

O bebê brincava perto de uma das cabanas, já bem limpinho e alimentado. Surge uma arara, linda e imponente em suas cores vivas e invejáveis. O bebê olhou, examinou, parecia tramar algo.

Ataia avistou o bebê de longe, em uma cena incomum.

- Larga o bichinho!

Nas mãos da frágil criança estava o pescoço do passarinho, torcido e dilacerado. O bebê estava vermelho, lambuzado pelo sangue do animal. Ele experimentou uma nova tonalidade de vermelho, entrou na moda indígena. Pintar-se por aqui é comum? - deveria ter pensado.

É a vida.

13 de dez. de 2009

Dever de Casa!



Coisas que fazemos para a aula de Comunicação Visual:

























É divertido fazer tudo isso...                    :-)




12 de dez. de 2009

Comentário (2)

Agora que as aulas se foram talvez eu encontre aqui a unica maneira de escrever algo produtivo. Começarei a organizar as idéias, já tenho até alguns planos. Não posso deixar a preguiça invadir meu cérebro durante as férias, isso não seria bom... Organizarei alguma leitura, ler é bom e agora o tempo está sobrando em demasia. Também postarei algumas coisas que produzi em aula, nada de boa qualidade...

Enfim, com mais tempo para pensar coisas terríveis serão escritas por aqui. Adoro escrever coisas terríveis.

Delírios em papel de pão



O homem é alimentado pelas sobras. Ele senta na pedra do centro de sua caverninha, olha a parede iluminada pelas brasas, as quais horas atrás eram uma tosca fogueirinha. É cômodo ficar ali sentado olhando aquelas formas relativamente simples, pouco detalhadas, às vezes difusas, mas ainda confortáveis. Virar para trás e enxegar a exuberância da realidade é quase um suicídio mental, enfrentar as feras da vida requer coragem e disciplina - é mais fácil contemplar as sombras e apreciar o ócio mental.



Mas o homem um dia tem que sair para caçar, morrer de fome não é algo desejável! Então, ele faz um ritual minucioso de preparação, ou não faz nada, para testar a sorte. O importante é passar o menor de tempo possível lá fora, o ambiente é ganancioso. Existem feras, precipícios, armadilhas e tribos inimigas à espera de uma vítima.


Vai o homem, reza para voltar. A fé é fé quando há necessidade de fé. Há necessidade de fé quando há medo. A maioria volta com a caça, o bastante para passar muito tempo contemplando as sombras. Uns são devorados pela realidade do lado de fora, outros aprendem a importância de conhecer o mundo exterior, vencem o medo e aprendem os vícios e alegrias proporcionados pelo mundo multicolorido da vida por trás das sombras.    

9 de dez. de 2009

Mortos no Living?

O cheiro pouco agradável de carne podre é o cartão de boas vindas para o senhor que acorda. Manhã linda, a qual era sentida estranhamente pela pele, indevidamente sensível a meios terrenos, esbanjava claridade reveladora que quebrava o clima maquiavélico. Onipresença penetrante em todos os cômodos do estabelecimento, sentidos fundidos em uma só alma confusamente entrelaçada por diversos lapsos memoriais. A menina parcialmente desnuda ainda chora no canto mofado do banheiro dos fundos, sinestesia de sangue com cor-de-rosa. Jaz a corda, muda e extravagante, em seu ponto estratégicamente armado para uma morte sem escapatória, não muito rápida, mas decidida.

Indagam ainda as cadeiras que presenciaram o ato depravador, cederam, involuntariamente, o lugar ao clímax fulminante do ato proibido. As demais testemunhas preferiram permanecer em silêncio, como sempre fizeram durante suas vidas utilizáveis.

Finalmente depara-se com o corpo. Familiar, sem vida, branco, inchado. Tosco. Sensação alguma tomou a alma recém libertada, parece não se importar com o passado pesado, peso tem de ser esquecido. Não entendia? Lembrou de conversas sem sentido, olhou para a menina do banheiro. Ainda chorava, desnuda, moralmente morta.

Papai? O grito da corda que vinga a criança. O lamentar das cadeiras e o cochichar das paredes.




Dedicado a Miguel Marvilla, cujo livro, Os Mortos Estão no Living, é fascinante. 


7 de dez. de 2009

Earth? (6)

Quando uma situação está suficientemente crítica ela tende a piorar um tanto mais para que haja uma solução possível. Quando se há pessoas pobres não basta pobreza, é preciso extrema miséria para que algo mude, seja através do bom senso dos governantes, da pressão da estúpida classe média, ou da revolução dos renegados. A vida nunca fora boa com os miseráveis, não seria agora que isso mudaria; repentinamente não, talvez.

Animais tem de ser adestrados, funciona da mesma maneira com pobres desesperançados. Quando a lenda surge tudo fica mais fácil. Oh! Ele vai nos salvar! Serviremos a ele! Lutaremos a seu lado! Oh, de-me esta honra, senhor! A partir daí é só adestrar, como um cachorrinho de circo. Tome, isto é uma arma, atira assim, nunca faça isso, aja assim em tal situação, este é seu inimigo, etc... etc...

O homem é um animal, mas existem outros menos animais, mais racionais que os demais. Estes se destacam e controlam a prole ignorante.

6 de dez. de 2009

Comentário

Existe uma dualidade persistente e arrogante que divide nossas intenções, vontade versus regras. Tudo aquilo que desejo fazer é confrontado com o livro das leis sociais. Isso é bom e necessário mas confesso estar preocupado, estamos perdendo gênios por limitarem nossa capacidade de ação. É um mau necessário? Enfim, este comentário sem sentido e curtíssimo era o que eu queria registrar neste memento.

4 de dez. de 2009

Espero ainda ter público

Creio que tudo o que escrevo deve apresentar um conteúdo extremamente pobre. Sismei em escrever neste bendito blog pelo menos uma vez por dia, isso talvez deixe os textos estúpidos. De qualquer maneira, me considero um mau escritor. Sou um amador e experimento toscas técnicas para escrever. Deves estranhar tudo o que escrevo por aqui, talvez eu ponha vírgulas demais, talvez eu tenha idéias absurdas ou escreva estranhamente mal. Bem, se estiveres ainda lendo esse texto é porque algo está lhe chamando a atenção. Troféu para mim! Talvez eu o tenha obrigado a ler este texto ou talvez você esteja super curioso para saber o final desta abobrinha. Quero reforçar: esta abobrinha é o começo de inúmeras abobrinhas. Bem, para quem eu realmente estou escrevendo? Para pessoas que não tem nada o que fazer e ficam lendo coisas alheias, curiosos para com minha pessoa, exploradores de maus talentos, psicopatas? Ah! Espero ter algum público, qualquer tipo que seja, ainda tenho esperanças. Tu estais lendo este pedaço de inutilidade? Deves estar achando graça, rindo ou surpreso. Não ligo a mínima, só lhe peço uma coisa: passe por aqui de vez em quando, de vez em nunca também serve, para sacudir as teias de aranha. Obrigado pela generosa atenção.

3 de dez. de 2009

Earth? (5)

Por que um jovem se entregaria a um movimento suicida? A resposta é breve e simplória: sempre há um Líder fora do comum. Um rapaz alto, de terno branco, cabelos loiros e olhos azuis. Não é um artista de Hollywood, muito menos modelo ou algo parecido; é simplesmente um agitador sem vergonha alguma. Sem vergonha, porém muito astuto e inteligente, convenhamos. É um patrício muito oportunista, os subordinados sabiam, porém era uma arma poderosa, dotada de carisma popular. Estrategista, diplomata, general... Não havia habilidade a qual o alemãozinho não dominasse. Não era covarde, sempre estava lá no campo de batalha, na frente, sempre voltava vivo e vitorioso. Heroí... Espertamente virou lenda e quando uma lenda é criada esta tem apoio até sobrenatural.

- Vamos vomitar o lixo que comemos no colo de um colarinho branco! Peguem suas armas! Hoje jantaremos em uma mansão bem bacana!

Tinha uma equipe muito bem organizada. Todos vieram de uma universidade muito bem conceituada. Queriam ganhar o governo de seu país, que jeito melhor de fazer isso do que organizando o povo esfomeado?

- Bixo com fome luta até desarmado! É só oferecer alguma ração!

Que tipo de autocracia tem Universidades?

2 de dez. de 2009

Histórias reais são ficções plausíveis

Juca acordou cedo, como de costume, e logo foi ao encontro do vizinho para saber das novidades. Seu Raimundo sempre ia de madrugada à cidade levar suprimentos para a feirinha, saia de lá com todo tipo de novidade e oportunidades de bicos.

- Ôôô... Seu Raimundo!

Fez-se a comunicação, breve e perfeitamente compreendida. O convento precisava de manutenção em sua calha de alumínio, Juca faria o trabalho nesta mesma tarde.
Nosso amigo é um sujeito simpático, muito religioso, filho de pais demasiadamente católicos. Ficara honrado em poder prestar trabalho em favor do catolicismo.

Após o almoço, correu para a carroça e saiu em disparada para o trabalho. Lembrou o caminho para o convento, o qual percorreu muitos anos atrás com a mãe, quando fora visitar uma irmã que dedicava sua vida à Deus. Chegou cedo, conversou com padre Jucelino sobre o serviço, comprimentou as freiras que o olhavam assustadas das janelas barrocas, tomou água fresca do poço e preparou as ferramentas. A calha estava lá encima, muda e cinza.

Subiu e foi de encontro à antiga tubulação. Percebeu que estava entupida e pensou: "tenho que alertar ao padre para não jogar lixo nas tubulações". Pegou um instrumento tosco para desentupir parte da calha. Foi relativamente fácil, até o momento em que ele olhou para o entulho o qual obstruía a passagem da água extremamente escura.

Certos acontecimentos nos fazem desacreditar de coisas que norteiam severamente nossas vidas. Certas circunstâncias, que poderiam ser evitadas, nos entrelaçam com esses acontecimentos.

A água extremamente porca não era tão suja quanto o segredo que rondava aquelas paredes antigas do convento, na cidadezinha pacata de algum estado nordestino. Vestígios de nova vida eram enterrados na água suja da calha de alumínio, em um lugar que não era qualquer lugar. Pecados ocultos.

Juca tirou suas próprias conclusões. Eu também.

Juca não ficou muito satisfeito, e eu - já não sei em que acreditar.

1 de dez. de 2009

Earth? (4)

O céu já não conhecia há anos uma manhã ensolarada, de firmamento límpido e azulado. A natureza que agoniza nas terras devastadas espera o tempo de morrer, entrar em extinção não é opção em tempos caóticos. A pouca terra que ainda respira verde é devastada por guerras violentas, as quais tentam eleger um proprietário para os últimos recursos naturais utilizáveis. Nas ruas não se vê mais cachorros em busca de migalhas do almoço de horas atrás, estes são a fonte de proteína viável no momento - caçados como raridade gastronômica. Canibalismo não é atrocidade, é sobrevivência. O homem se tornou lobo do homem, caçador de sua própria espécie; seja matando para conquistar terras férteis, seja matando para conseguir carcaças humanas extremamente energéticas.

A relação explorador e explorado reina absolutamente normal em tempos de crise. Não há compaixão para com o irmão desprovido de oportunidade financeira. Destruir o planeta com a ganância capitalista não é suficiente para os bem aventurados empreendedores: é necessário usufruir da última gota de energia da escória pobre, herdeira do sofrimento oriundo do capitalismo selvagem - exploração indiscriminada da natureza e do semelhante mais fraco.

A revolta sempre avança quando se há alguém suficientemente idealista na frente de batalha. Grandes pensadores surgem de localidades com excessivo desprestígio humano e financeiro, ou simplesmente migram de 'universidades' para o meio conflituoso, com o intuito de tirar proveito do sofrimento dos outros. Idéias simples, tentadoras e moldadas nas esperanças dos explorados são sempre bem vistas por oportunistas revolucionários.

E então... A luz acabou!


Este texto, de minha autoria, foi originalmente postado no blog "Vomitei, Postei!".


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E então... A luz acabou!


Um noite normal, cheia de pessoas nas ruas, planos individuais, encontros amorosos, festas, passeios e conversa mole na sorveteria.


Chegando em casa percebi  a queda de energia, luzes fracas, quase que mortas, sinais de trânsito apagados e alguns estabelecimentos na escuridão. Elevador parado - se eu estivesse alguns minutos mais adiantado provavelmente dormiria contemplando o teto da cabine do elevador, com um ar extremamente abafado e um calor infernal.


Abri a porta do apartamento, ainda havia energia, a qual parecia querer ir embora. E realmente foi... apagou! Escuridão, trevas, apagão, blecaute!


Galera gritando, galera irada! A vida noturna repentinamente interrompida e seus frequentadores confusos e enraivecidos.


- Peeeeedro! Cadê minha energia? - gritou alguém.


Multidão nas varandas, a escuridão da rua se transformou em ponto turístico. Pessoas lá embaixo desorientadas e perdidas. A luz do luar tentava competir com as trevas da noite.


"Yes! O notebook tem bateria!". Fui desvendar o motivo da escuridão... Itaipu? Vários Estados sem luz? A bateria se esvaindo e eu me divertindo em desvendar o mistério do sumiço da energia...


- A galera quando fica sem luz fica muito mais barulhenta...


Murmurinhos vindos da rua, conversas entre varandas, galera gritando e se divertindo com a escuridão...


- Apagão! A culpa é de LULA! - gritou outro.


Desisti de fazer trabalhos e de estudar, estava cansado e o pouco que me restava da bateria não me levaria longe em meus trabalhos acadêmicos. Fui dormir, deitei porém perdi o sono por alguns minutos.


A energia volta, mágica!


- CERVEJA! CERVEJA! CERVEJA! - gritou a galera lá embaixo.


Adormeci logo em seguida.

30 de nov. de 2009

Vertical...

A queda é longa e divertida. Pode-se ver a pequena cidadezinha, a floresta, a indústria de calçados do senhor Tomé. Aos pouco a distância diminui e o impacto é uma realidade iminente. Espatifa-se em diversas partes, transforma-se em pedaço do solo árido marcado pelas pegadas da crianças da escola primária. Perde parte de suas forças para energizar a vitalidade perdida das matas, outra parte se esconde nas entranhas da terra sofrida.

Tomé estoca um pouco da energia, sorri ao olhar para o céu e agradece pelo dádiva concebida. As crianças da escola correm para fora e a professora realiza uma aula a qual elas nunca esquecerão.

A energia da estrela sol leva parte da força para o céu. Sobe com entusiasmo, em direção ao céu infinito de tonalidades em azul, na esperança de reaver a sua energia perdida. Aglutina na imensidão no céu formando a nova carga esperança que agraciará as terras áridas de nossos campos degradados.


Earth? (3)

Pontos luminosos cruzam o espaço na esperança de encontrar novos lares. Quando a situação é tensa, a tecnologia sempre dá seus saltos mirabolantes. Entretanto, tudo tem por trás um interesse econômico, essa é a regra número um do capitalismo . Quando o mercado consumidor se limita drasticamente e as empresas estão escassas, o sistema de capital sempre arranja uma maneira de se sobressair. Idéias engenhosas que se constroem nas costas dos explorados. A raça humana cresce em ciência e descresse em humanidade, essa é a regra número dois.

Apesar de tudo, quem é explorado sempre se revolta um dia... Todos querem crescer, aí está a regra número três.


29 de nov. de 2009

Algo em que acreditar...

Ruas lotadas de Igrejas e estas amarrotadas de fiéis. Nunca se procurou tanta religião, nunca se criou tanta religião. Chegamos nos tempos da crise existencialista humana, em que este quer se livrar das pragas da vida moderna... Onde buscar a saída para tanta informação, responsabilidade e estresse mundano? A religião é a solução. Dogmas imutáveis, regras, pensamento direcionado. A Igreja oferece conforto para a alma humana... Esperança, perseverança, sonho, algo em que acreditar - tudo o que as pessoas necessitam para sobreviver no caos apocalíptico dos anos 2000. O mundo está perdido? Encontre uma religião, faça suas preces, aguarde pela benção tão desejada. Um dia ela virá! Quem sabe?

Nos desligamos da confusão lá de fora e mergulhamos no mistério das crenças existentes em nossas almas. A Igreja se revela como um escudo para os ataques das doenças da vida contemporânea. Sem religião o que seria do homem? Precisamos acreditar em algo que possa nos salvar...

28 de nov. de 2009

Earth? (2)

Uma sociedade em extinção precisa ser vigiada por si mesma. Quando a comida é racionada, a água é escassa e a habitação é limitada, a única maneira de manter a ordem é se valer do absolutismo. Um homem privado de uma vida digna age por instintos animalescos, os políticos sabem disso. Para isso é que existem exércitos nacionais, polícias corruptas e entretenimento alienador. E o pior de tudo: a pouca terra produtiva  é manejada por trabalhadores subnutridos, os quais não podiam usufruir de suas próprias plantações - um erro fatal.

Estoura a revolta no campo, como nos tempos do bolchevismo. A história mostrou o erro e o homem teima em ignorá-lo. Poderosos pouco esclarecidos parecem emburrecer com o passar do tempo. É o poder subindo à cabeça, em que diabos de canto se meteu o bom senso?

Em uma terra, onde o ser humano é o animal em extinção, nós ainda insistimos em derrubar governos ao invés de construir uma tão sonhada e utópica civilização.

27 de nov. de 2009

The Book of Life

Um bom manuscrito sempre deve começar com um nome estimulante e bom material. As páginas em branco sempre serão suas amigas, pois elas são complacentes a qualquer tipo de informação. Escreva devagar, sinta a ponta ponta tocar a delicada fibra do papel. Não duvide das influências externas, elas sempre chegarão na horas indevidas atrasando o andamento da empreitada. Siga o rumo que desejar, a tinta descreverá a rotina inquieta. Não espere compaixão de seus próprios erros, rasuras as quais deixarão marcas eternas. Nunca se livre das páginas mal escritas, deixe-as. Quanto mais você apaga, mais você sente o quão vazia se tornou sua obra, quando estiveres nas páginas finais. Extirpar más memórias originam um livro fino, de leitura rápida e pouco interessante; às vezes erros propiciam uma beleza singular às nossas experiências. No fim e enfim, quando estiver nas últimas páginas, faça uma leitura prévia e tire suas conclusãos. Satisfeito ou não o livro acaba e você tem que partir para outra...

The Book of Life.

26 de nov. de 2009

Earth?

- Mamãe! Que animalzinho é esse aqui?

A mãe encarou o livro e logo a lembrança invadiu seus pensamentos.

- É um golfinho, meu filho. Eles não existem mais.

Temperaturas desreguladas e mares violentos, animais agonizando nas praias e nos desertos arenosos, cidades fantasmas, música produzida pelo passar do vento nos galpões vazios de uma indústria qualquer. Essa era a situação do planeta Terra, aquele pontinho ínfimo no universo que um dia transbordara vida diversa. Onde residiria a escória da raça humana, aquela que herdou a destruição de seus antepassados? A tecnologia nunca decepcionara seus promotores, porém foi incapaz de salvar a todos. Ao menos alguns sobreviveram para perpetuar o espírito aniquilador dos seres humanos.

- Mamãe! Mamãe o que é isso? É bonito!

A mãe suspirou.

- Costumava ser a Floresta Amazônica, filhinho.

Momento Filosófico (5)

Esta vida moderna ainda me matará de sono, responsabilidade e stress.

24 de nov. de 2009

Olá, religiosidade!

Incomodo-me ao encontrar alguém dormindo na calçada perto de casa, coberto por papelão ou pano velho. Pior ainda é voltar do curso técnico e me deparar com a mesma cena, o indivíduo continua no mesmo lugar, dormindo. Lembro-me de religiosidade. "Ajuda ao próximo pois você estará ajudando a mim". Agora coloque um católico para observar essa cena. Olhará com desprezo, fará cara de nojo e passará pelo individuo com uma distância de vinte metros, alegando que é por segurança (quero deixar claro que não estou generalizando todos os católicos). Cada um acredita no que quiser, mas fico triste por aqueles que fingem seguir preceitos buscados pela sua religião.

Minha mãe me declara como católico. Acredito em Deus mas creio não ser totalmente católico. Naquele dia, naquela noite, eu não ofereci minha casa, minha cama e minha comida para o individuo que dormia no chão duro. Por que temer em dividir? Ele vai me assaltar, me espancar, maltratar meus familiares? Creio que ele estava bastante debilitado demais para isso. Por que não acolhi meu irmão? Falta de coragem? Sim! Falta coragem para quebrar certos preconceitos. Enquanto eu não ajudar aquele homem serei preconceituoso e não me considerarei totalmente católico.

Acredito nos preceitos cristãos e digo: é muito difícil seguir tudo a risca. Tenho esperança de que o ser poderoso lá de cima espera que nós façamos o máximo de nós para o bem de todos aqui em baixo e que fazendo o máximo garantirei uma vaga no paraíso que nos dias de hoje acredito que esteja um tanto que vazio.

No meu ponto de vista, a religião fundamental é o amor. O fato de existir algo tão contagiante, capaz de desorientar minha razão humana, me faz acreditar em uma força maior, um Deus supremo. Na minha opinião, quem explora esse sentimento de maneira benéfica está muito perto do católico ideal. Este não deixaria aquele homem no chão, o pegaria no colo, o acomodaria no carro, levaria para casa, ofereceria o banheiro, a toalha, a escova de dentes, a cama, os lençóis. As consequências desse ato de solidariedade pouco importaria. Confesso que exagerei na frase anterior... Porém, faça o melhor que puder! Deus ficaria feliz... Não ficaria?

Para acabar meu dia, me deparo com outra cena. O morador de rua passa por mim, diz-me coisas as quais não compreendi. Apressa o passo e fica de costas para mim, de maneira que posso avistar nitidamente a mensagem. Leio as palavras em sua camisa: "EU TAMBÉM SOU CIDADÃO". Bem, esse é assunto para outro texto.

23 de nov. de 2009

É o Fim!

A floresta é fresca graças a extensa e densa camada de folhas as quais impedem a passagem dos raios solares e deixam o ar cheio de vapor de água. Pode-se sentir o cheio de terra fresca emanando do solo sedimentado, insetos andam perdidos em meio à folhagem amarelada que forra o chão fofo. As pegadas logo são apagadas por novos detritos produzidos pela natureza exuberante e extremamente fértil. Quem vai não volta, a trilha é marcada e logo desaparece, uma vida trilhada. Ninguém pode voltar atrás e desfazer o erro, um papel rabiscado o qual não pode ser apagado.

Corre ela, corre ele. A corrida cômica de dois fugitivos. A mulher com o bebê nos braços e seu parceiro incompreendido. Oh.. lá vem o esquadrão da morte. Polícia internacional. Matar, matar é a ordem. Setenta! Setenta homens armados contra duas criaturas e uma criaturinha. A linha de fogo cada vez mais se aproximava dos fugitivos. Isso era bom? Depende. Para quem você torce? Mocinhos ou vilões? Quem são os mocinhos e quem são os vilões?

Corre contra o vento e contra o tempo da morte. Lembra do que fez e o que desejava fazer. Tinha o quê? Uns 27 anos. Era novo e muito famoso. A fama o mataria, mas fez história. Tudo começou com um insulto e acabaria com a morte de um insultado. Sua parceira olhava para os lados, apertava o bebê. Não caia bebê, resista criança. Tão frágil e meiga. Linda também.

Tiro certeiro. A perninha de linda espatifou-se. Coitada da moça, jovem e perneta. Não é humor negro, é realidade literária. Chorou e agonizou de dor, foi pisoteada pelo batalhão de homens enfurecidos. Pega! Pega! O Assassino! Pega! A menina morreu pisoteada e perneta, foi esquecida. Ao menos serviu de adubo para uma nova vida. O fim de uma vida é o início de outra. E o bebê?

Tiro certeiro. O braço já não respondia mais. Tiro certeiro. Mais que bom atirador, hein? Sem braços utilizáveis, John pensou em sucumbir. Pensou e repensou. Era inteligente... Não chegaria no inferno sozinho, obviamente. Deitou-se e fez com o corpo uma cruz. Era péssimo ator mais passava muita veracidade. Os dois primeiros homens que o alcançaram pararam, olharam e o tocaram. Morreram. Oh, sim! John tinha pernas fortes. O restante o avistou. Viram os amigos no chão, olharam para John. Canalha. Virou queijo suíço, buraquinhos e buraquinhos decoraram o corpo do artista super famoso, internacionalmente conhecido como o Ladrão de Corpos.

O que poderia ser considerado loucura? Loucura é matar pessoas, loucura é fuzilar alguém indefeso, loucura é pisotear uma mulher, loucura é deixar o próximo morrer de fome, loucura é roubar, loucura é adulterar, loucura é falar sozinho, loucura é desviar dinheiro, loucura é ser corrupto, loucura é cantar, loucura é ser artista, loucura é aparecer na TV, loucura é usar o transporte público, loucura é matar aula, loucura é colar na prova, loucura é querer ser feliz, loucura é amar, loucura é ser você mesmo. Loucura é ser normal. Quem é normal é o verdadeiro louco. Quem é mesmo o louco dessa história?

O bebê rolou pela mata, acariciado pelas plantinhas rasteiras. Foi cuidadosamente depositado no solo pela mãe natureza. A natureza é mãe, mãe de louco. A vida de um inocente foi preservada, mas é claro.

Pois a morte de um é vida para o outro.

É a vida!
É o fim!
Contemplem a música da vida.

Momento Filosófico (4)


Durante a madrugada, efetuando trabalhos...

O silêncio é amigo da sabedoria.


21 de nov. de 2009

Rascunho Online

Este é o tempo em que tomei a decisão de que exercitar minha escrita é essencial e inadiável. Escrever em poucas linhas alguma idéia, nem que seja alguma bobeira, besteira ou algo banal é estimulante pois não deixa meu cérebro cair na preguiça. Não utilizo folhas - tenho preguiça de pegar um lápis e um papel. Isso é bom, realmente ótimo. O meio ambiente sorri para mim e eu sorrio para ele. Isso é algo extremamente ecológico, chega de papel voando pelo mundo. Descobri um rascunho online, o presente blog o qual nele estou escrevendo. Já que eu não largo o computador chegara a hora de fazer algo interessante nele... É... estou tentando. Por enquanto ainda não desisti e não deixei de postar no mínimo algum texto por dia, nem que seja uma frase bem pobre de conteúdo. É uma conquista sem precedentes. A natureza e meu lado racional estão festejando lado a lado... É muito bom desabafar através de palavras, aconselho essa terapia barata. O problema é arranjar tempo para escrever mas tempo sempre há. Só é preciso correr atrás do tempo perdido fazendo aquelas coisas inúteis mais que para você significam muito. Faça um sacrifício e estimule seu raciocínio: escreva qualquer coisa em qualquer lugar em qualquer hora do dia.

20 de nov. de 2009

É a vida! (19)

A chuva perfurava o frágil rosto de Linda. O bebê acomodado em um de seus braços não se mechia, talvez estivesse dormindo. A força brusca com que John puxava seu delicado braço era pior que a dor do parto. Ambos corriam, fugitivos descobertos por acaso. A polícia cada vez mais perto, mais perto, realmente perto demais. Um batalhão contra 3 pessoas, 2 na verdade pois Garoto havia sucumbido. Ele caiu e seu pequeno corpo não se restabeleceu a tempo de prosseguir a fuga. Foi capturado. Linda ficou receosa em deixar o amigo para trás. John nada disse, parecia nem se importar, o peito pesava como uma montanha inteira de rochas. É a vida! Um dia rindo, outro dia se escondendo e logo depois correndo. Maratona para alcançar a liberdade sem limites, em que tudo que sua imaginação criar é possível de se fazer, só não se pode vacilar e cair nas mãos na polícia social, porque aí somos julgados através das leis democráticas pelos nossos atos condenáveis, os mais animalescos atos. Instintos a todo vapor. Seria acusado de loucura? Provavelmente se fosse pego seria morto por ali mesmo e exibido como troféu pelo FBI para o restante do mundo. "Pegamos o assasino, vitória!" Eles o matariam, não seriam melhores que ele.

19 de nov. de 2009

A História da Bolinha Azul

Inspirada na excelentíssima aula de David Protti.

ERA UMA VEZ uma bolinha azul. Ela era incrivelmente azul, definitivamente azul. Adimito: era azul. Um dia ela caiu em um retângulo de água extremamente azul. A bolinha se perdeu na imensidão azul, olhou-se nos quadradinhos e viu que nada via. Tentou nadar para cima, em direção ao céu azul. Falhou. Ficou azul de tanta raiva. Azul escuro. Olhou-se novamente nos quadradinhos, constatou uma pequena diferença não muito animadora. Logo voltou a ser da cor da água, azul. Pensou: que hipócrita pintou a água de azul? Ela não deveria ser transparente? A bolinha passou muito tempo lá embaixo, esqueceu que era redonda pois não havia como enxergar a si mesma.

Certo dia esvaziaram o retângulo azul, foi-se embora toda a água azul. Jazia a bolinha azul em meio aos quadradinhos azuis os quais forravam o retângulo azul. A bolinha ficara tão feliz, a água havia sumido. Mas ela entrou em crise novamente – bastou se olhar nos quadradinhos azuis. Muito tempo depois a bolinha pensou que era quadrada, triangular, helicoidal, pentagonal, oval. Desanimou-se até o dia em que alguma bolinha alada que não era azul cruzou o céu azul e defecou no fundo azul do retângulo. Uma idéia se apoderou da bolinha. Pulou, rolou e quicou na titica esverdeada. Bolinha verde. Olhou-se nos quadradinhos azuis e constatou: bolinha verde nos quadradinhos azuis.

Papel Amassado

As luzes já enfeitam partes da cidade. O tempo passou tão rápido mas ele nem se lembra o que fez nas férias de Janeiro. 6 meses de uma Universidade parecem 1,5. O Natal chegando e o clima de páscoa ainda predominante. Ele quer mesmo é chocolate - chocolate para adocicar a vida. Tantos e tantos trabalhos finais e parece que nenhum tem objetivo algum. Gosta do que escolheu, talvez esperasse algo melhor - melhor de si mesmo.

Ele quer é presente das crianças. Ainda é uma criança ingênua - gosta de brincar. Chocolate e carrinho de plástico. Não quer chegar ao Natal, significaria fim de ano e o que ele fez de relevante? A páscoa e o dia das crianças parecem suficientes. Ele pararia as horas nesse intervalo de tempo, mas a vida é contínua. Confessou: não é tão ruim assim.

Buscando singularidades que nos fazem felizes, disse ele.




(o chocolate é meu!)

17 de nov. de 2009

É a vida! (18)

O vulcão expelia com toda veracidade o líquido vermelho cintilante. O ar se tornava cada vez mais poluído graças às milhares partículas de cinzas que coloriam o ar antes transparente. Os animais corriam procurando abrigo, atrás descia o rio de magma que não perdoava nenhuma forma de vida no aspecto micro ou macro, fauna ou flora.

Na cidade, com cerca de algumas centenas de habitantes, cartazes gritavam sobre as dezenas de pessoas desaparecidas nos últimos meses. Fora da área de alcance do magma, a cidade sofria apenas com a poluição atmosférica. Hospitais cheios de crianças e idosos os quais sofriam de diversos problemas respiratórios.

- Ligue para a prefeitura e diga que eu recomendo a evacuação da cidade - disse o Médico Chefe.

Numa choupana não muito longe da cidade o Garoto preparava os utensílios para a operação relativamente simples.

- Pelo amor de Deus! Eu não aguento mais... Ande logo com isso! - disse Linda, afobada.

Garoto era médico pediatra formado, mas nunca exercera a profissão. Tinha esse apelido pois sofreu de problemas para crescer, era literalmente anão. Encontrou na dupla John e Linda o que tanto procurava, respeito e realização profissional. Ele era muito bom no que realizava, definitivamente.

Já com outro porão improvisado, John trabalhava desajeitadamente nos seus cadáveres, avesso ao que acontecia do lado de fora.

- John, vai nascer! - berrou Garoto.

Sobe tranquilamente as escadas, nosso amigo serial killer. Rindo como uma criança, não era felicidade. Sua vida era uma grande piada? Talvez ele risse disso.

O magma mudou o curso e simplesmente banhou a cidade com suas águas mortais. O som das casas desabando e de materiais queimando era apreciado da choupana. O rio de lava cercou o casebre, era como se John não pudesse ser destruído, ser dotado de algo divino. Hércules anti-heroí.

Chuva de fogo e ventaval cinza. O apocalipse que plocamava nova vida.

Nasce um bebê bem bonitinho. Linda adorou.

16 de nov. de 2009

Não ponha lenha onde não há fogo

Não ponha lenha onde não há fogo. Não há nenhuma situação que você possa atiçar. Desista! Não desperdice sua saliva, seu tempo, suas horas livres. Vá pescar. Desista desta abobrinha, cuide de sua vida. Arranje uma namorada. Faça seu dever de casa e largue essa lenha toda, rapaz. Seja perseverante em algo útil, não há nada aqui para você. Desista desta empreitada, plante uma árvore. Salve o planeta. Não me venha com indiretas, não há fogo e muito menos fumaça. Há apenas minha vida tola e fútil.

15 de nov. de 2009

É a vida! (17)

Os raios de sol que começavam a iluminar o asfalto eram o sinal do amanhecer de um domingo conturbado. Jhon chegou na casa da frente, olhou para o menino, tocou em seu ombro e disse:

- Muito bem! Começamos da melhor maneira...

Linda acariciou a cabeça do garoto e logo saiu com John pela porta do fundo da casa. A polícia fora enganada mais uma fez. FBI que nada, não apresentava perigo algum para John.

Nas trevas dos túneis do estabelecimento cercado pela polícia, a equipe 5 procurava sem sucesso o serial killer mundialmente famoso.

- Central... O presunto ainda se encontra dentro da caixinha?

- Positivo! Nenhum sinal de fuga por fora...

O Comandante ainda estava com vida e seu assistente também, por pouco tempo obviamente. Se John perderia sua casa, ele a perderia com um grande churrasco...
No centro de sua casa, existia um compartimento, bem escondido e profundo. Toneladas e toneladas de dinamites estavam animadas para estraçalhar dezenas de tiras.

John e Linda já estavam longe. Não precisavam de roupas, objetos, jóias ou dinheiro. Tudo o que precisavam estava no bolso da futura mamãe. Um celular, um celular comum. Linda sacou o aparelho como se fosse um revolver. Jhon achou graça e riu durante algum tempo. Pegou o aparelho e discou alguns números. Ambos viraram em direção aonde um dia chamaram de lar... Olharam nem muito para cima e nem muito para baixo - encontraram o ângulo perfeito. John apertou o botão verde.
Churrasco de manhã, uma boa maneira de começar uma nova semana.

O Garoto via sua casa arder em chamas. Tirou um papel de dentro do bolso, leu o endereço e foi ao encontro de seus amigos da casa da frente.

A nuvem cinza subiu ao céu, ofuscando os raios solares. Noite por um breve período, noite psicopata.




14 de nov. de 2009

Assasinos!

A formiga andava sobre a casca de árvore apodrecida, desviava das superfícies sobressalentes e dos fungos. Seus sentidos incomuns, porém extremamente eficientes, detectaram a aproximação da grotesca massa humana. A pequenina se abrigou dentro dos canais da madeira que um dia foi árvore. Insucesso. A casca foi arremessada igual bolinha de papel e voou que nem passarinho. A formiguinha escapou por pouco, correu e se deparou com uma chuva que começara a cair alguns minutos antes. Ela sentia a aproximação do perigo e seu corpinho começou a sentir a tensão da possibilidade da morte. Vida curta, morte rápida. Porém, ela não se entregaria tão breve... Lutaria por mais algum tempo de vida. Desviava das poças, das folhas e do chão irregular; sentia algo tentando esmaga-la, mas sem sucesso. Avistou o formigueiro e suas amigas, todas vermelhinhas e miudinhas, correndo em direção ao orifício que dava acesso ao formigueiro. Pobre formiguinha, morreu antes de alcançar as amigas.

Dois dedos esmagaram seu corpinho, agora resumido em uma massa indefinida. Foi devorada por uma boca pequena e banguela.

O bebê foi agarrado pela mãe, a qual correu para dentro da casa com o intuito de abrigar-se da chuva.

É a vida! (16)

Manchas nas paredes revelavam infinitas histórias de torturas e esquartejamentos. A equipe cinco andava no labirinto subterrâneo, terra de um psicopata e de sua companheira.

Os ratos rodopiavam no chão encardido e as baratas voavam de lá para cá, agitados com a presença humana. No ambiente incomum, caixas tornavam a paisagem macabra. O que elas poderiam conter? O Comandante resolveu a questão:

- Safado!

Disfarces, identidades, passaportes e ferramentas diversas. John era realmente bom.

Não muito longe, os proprietários do estabelecimento caminhavam  tranquilamente nos túneis em direção ao alçapão que os levariam para a casa do vizinho da frente.

O gato preto pulou em cima do capo do carro da polícia. Logo foi expulso a tapas pelo policial o qual fez um comentário dirigido ao seu companheiro ao lado:

- O Comandante estará morto em breve.

A noite não tinha estrelas e nem lua, a tarja preta extremamente negra decorava o céu com nada.

13 de nov. de 2009

Momento Filosófico (3)

E durante a aula de TPJ...

"Traz-me paz observar a dança singular da árvore, com suas folhas e galhos em um movimento sincronizado com o vento. Prefiro isso a certas teorias antrópicas."

12 de nov. de 2009

É a vida! (15)

Sirenes ao longe sinalizavam a gravidade da situação.

O serial killer, internacionalmente conhecido como O Ladrão de Corpos, estava cercado em seu estabelecimento, mais precisamente denominado esconderijo, pouco óbvio. A Imprensa internacional cercou as redondezas, era impedida  de avançar para arrancar informações sobre a operação em andamento. Jornalistas caiam no chão em consequência das cotoveladas e pontapés dos policias os quais cercavam a tenda de operações.

Com uma equipe desaparecida o Comandante começou a se desesperar, sabia que estava lidando com um ser humano com insinuações divinas. Ninguém conseguira parar esse doido, seria sorte ou algo sobrenatural?  Essas teorias dançavam na cabeça do Comandante até o momento em que ele foi interrompido pelo seu ajudante:

- Senhor, perdemos a equipe 2!

John estava vestindo sua roupa de guerra fresquinha, uma mistura de sangue e tripas humanas. Linda andava sempre ao seu lado, com os olhos arregalados e as mãos acariciando o ventre já pontiagudo.

A equipe 3 avançava cautelosamente sobre o chão de madeira da casa demasiadamente velha e esburacada. Do lado de fora, a casinha de madeira bem vagabunda parecia uma casa tão pequenina, mas por dentro e em direção ao centro da terra se revelavam grandes passagens subterrâneas, uma das quais davam acesso ao porão de artes de John.

John sempre esteve a frente do inimigo, melhor dizendo: atrás. A equipe 3 composta por 5 membros foi perdendo 1 a 1 de seus componentes:

- Garra-01 responda!

- . . .

- Garra-02 responda!

- . . .

...

- Comandante, perdemos a equipe 3, 00-Garra-de-Felino!

- Envie a equipe 4!

- Senhor? Não existe equipe 4!

- Envie a 5!

- Senhor, com todo o respeito! não temos mais equipes!

- Errado, sargento! Eu e você constituímos a equipe 5, 60-Fim-de-Papo!

Na casa em frente à casinha de madeira, um baixinho observava o movimento pela janela cor de laranja.



11 de nov. de 2009

Três contos que eu lhe conto e você o que me conta?

O rapaz ofereceu propositalmente o chocolate para a moça, ela mordeu um pedacinho e devolveu o restante. O garoto abocanhou o restante do alimento tentando extrair um pouco do mel ainda latente na superfície escurecida e babada do doce.

O aluno entrou na sala e sentou próximo da janela. Olhou em volta e percebeu algo que poucos perceberiam, uma bem-vinda viajem em sua imaginação o fez enxergar além. A superfície da janela envidraçada e forrada com um fundo preto era um espelho para a realidade próxima, um espelho o qual o transformara em um observador invisível. Observava a menina bonita, o pessoal conversando, as sacanagens da galera... tudo sem ser descoberto, reflexos da realidade. Parecia também um doido olhando uma janela forrada de negro...

A menina bonitinha sentou triunfante naquele lugar reservado para o dono da casa, olhou para as amigas e deu um sorrisinho de satisfação.

10 de nov. de 2009

É a vida! (14)

Uma belíssima coruja aterrissou no orelhão, atenta ao ambiente noturno.

Silêncio absoluto em volta da humilde casa amarela na Rua dos Coqueiros, número 298. O cachorro sentiu a vibração estranha no ar, latiu algumas vezes mas logo se deu conta que iria se dar muito mal. O agente do FBI silenciou o pobre animal que agora jazia no chão, sem vestígio de vida canina. O agente deu o sinal, as equipes avançaram com tamanha destreza que não se sentia nem a vibração do ar por onde passavam.

John já estava careca em sentir cheiro de sujeira. Mas nessa noite a equipe era profissional demais, daquelas muito bem treinadas e acima de tudo: muito bem pagas. Ele percebeu a sujeira tarde demais, mas não tarde o suficiente para conseguir fugir - teria de usar suas habilidades animalescas para se safar da empreitada.

Linda acordou assustada com o arrombamento da porta da casa, John nem ligou - estava preparado para a guerra.

- Não saia de trás de mim!

Munido de um canivete e de duas facas de cozinha, ele calculou a rota de fuga e se preparou para extirpar os obstáculos de sua frente.

Seria uma fuga como nunca efetuara antes...

- FBI! Você está cercado!

- E você liquidado...

Em um movimento de Caratê meio Kung Fu, John facilmente atirou longe a arma do agente e o estrangulou com suas próprias e poderosas mãos. Quem tentou impedi-lo acabou com uma faca estratégicamente alojada no pescoço de onde jorrava rios de sangue.

Linda sabia que estava em boas mãos, assassino mais profissional que John era raridade.

A casa ainda se encontrava cercada, do lado de fora o comandante tentava contato com a equipe 27-06-Cabeça-de-Formiguinha, a qual decorava a cozinha de Linda, em vermelho-vivo.

A coruja observava de longe a movimentação na Rua dos Coqueiros. Logo se interessou por outro assunto e alçou vôo na direção oposta ao espetáculo.

Parasita do Tempo e do Espaço

Observei em volta e cheguei a uma cruel e realista conclusão: eu só veria aquela paisagem uma vez na minha curtíssima vida. Imediatamente uma angústia tomou conta da minha alma e, dentro do carro com um movimento retilíneo uniformemente variável bastante considerável, comecei a tentar assimilar alguns detalhes daquele ambiente particular. "Como é tão diferente de onde eu vivo, nunca havia visto algo assim - sinto uma paz interior". Cada lugar é tão particular, neles acontecem coisas tão diferentes e igualmente interessantes. Queria ser onipresente, vivenciar tudo e com todos... Vivo na angústia de não poder apreciar tudo, de não conhecer todos os lugares. Morrerei com essa angústia, essa é a verdade que já aceitei e que já corroeu toda minha alma. Aproveitar o momento que eu posso viver, aqui e agora, é o mínimo e o máximo possível, sugar o máximo de tudo o que acontece comigo... Sim! Farei isso! Parece-me bastante sensato.

8 de nov. de 2009

É a vida! (13)

O pássaro parou em cima do recheado, mergulhou seu bico na água. Deu um mergulho, procurou algo para comer. Após o insucesso retornou à superfície. Sacudiu o corpo com o intuito de expulsar a água de suas penas impermeáveis. Efetuou um brusco e gracioso vôo.


John procurou Linda em vão. Ficou furioso por não satisfazer seu desejo, o jeito era se ocupar novamente com seu trabalho.

A menina ruiva retornou. Seu rosto de 17 anos expressava profunda melancolia, estava desnorteada com os caminhos os quais seguia em sua vida. John ouviu passos acima de sua cabeça. Logo um sorrisinho maligno tomou conta de sua face. Parou o trabalho e foi lavar as mãos, passou a mão no cabelo tentando arrumá-lo. Era mais bonito quando não fazia essas coisas.

Linda encarou John seriamente. Ele percebeu que algo estava errado mas não ligou a mínima para o fato. Foi logo agarrando a moça.

- Estou grávida!

Ele já havia tido filhos antes, mas agora era diferente. Ela não era sua mulher, era uma vagabunda qualquer e o melhor de tudo: cheia da grana. Não sentia nada por aquela criatura ou agora: das criaturas. Mais era prudente, precisava da fortuna da patrícia. Simplesmente não disse nada, suspirou fortemente e desceu as escadas do porão. Trancou a porta e sofreu um ataque de risos, ria dos caminhos do destino.

Linda entendeu que ele ficara feliz, coitada.


O pássaro cruzou a ponte calmamente, mirando a vasta maré. Estava com fome, queria comer. Avistou a presa porém teve outro insucesso. Contentou-se com as migalhas de biscoito da vovó, na pracinha do centro.

É a vida! (12)

O porão fedia mais que banheiro de posto de BR 101 abandonado. Cada dia chegava mais e mais matéria orgânica e naquele lugar mal cheiroso o artista concebia sua arte.

Era quase noite, o sol adormecia entre as nuvens do horizonte azul-celeste. A garota de cabelos vermelhos observava os navios cortarem o mar, deixando rastros de espuma. Deu uma olhada para as redondezas, constatou que só ela apreciava o entorno da ponte mais alta da cidade. Pensou no que sua vida se transformara graças a uma paixão por alguém que não a corresponderia algum dia. Pensou, repensou, não queria pensar mais. Olhou para baixo e teve uma idéia de desespero. Gritou para os moluscos nas pedras ponteagudas embaixo da ponte:

- Mamãe! Papai! O que eu fiz?

Subiu no balaústre e sentiu a corrente de ar passar em seu corpo, contornar sua silhueta, refrescar sua macia e demasiadamente esbranquiçada pele. Estendeu os braços para as laterais e inclinou a cabeça para cima, abriu a boca tentando engolir o vento, pensou nos seus objetivos e não concluiu nada. Uma moça rica apaixonada por um doido, uma tola caidinha por um asno.

- Mamãe, Papai...

Concluiu que errara durante toda sua vida, largara tudo por amar um assassino. Talvez fosse pior que ele?

Olhou para baixo e apreciou as pontas dos rochedos. Riu de si mesma e relenbrou os momentos com Jonh... Oh... John... Onde estaria? O que faria agora? Provavelmente trancado naquele porão com mais um cadáver...

Passou a mão em seu ventre, cheio de vida nova. Pularia? Sacrificaria duas vidas... uma a qual não teria a oportunidade de saborear a complexidade de viver.

- Filhinho...

Não muito longe dali, John cansou de trabalhar no cadáver e foi procurar Linda com o intuito de saborear a moça.

6 de nov. de 2009

A Árvore da Vida



Cortaram-lhe o fluído vital.


Cortaram-lhe o que lhe mais era prazeroso. Definhou, as folhas desabaram tão breve quanto vida bacteriana. As flores perderam o desfile multicolorido, tornaram-se monocromáticas peças de órgãos reprodutores. Os galhos ficaram ao relento, sentia frio, sentia-se inseguro. Os animas que sempre ali passavam não mais tinham interesse algum por aquele gigante seco, amarronzado e sem graça. Enfim, não ficou só - tinha a companhia de seus cupins. Esperou pacientemente pela próxima oportunidade de apreciar a verdadeira vida, a qual experimentara algum tempo atrás. Esperou por meses. O tempo haveria de encontrar algo para curar seus órgãos definhados. A seiva passava com dificuldade, faltava-lhe fluidez. Parecia morrer, parecia desistir de experimentar novamente aquela energia revitalizadora.


Caiu do céu o primeiro sinal de esperança: gotículas de água refrescaram seu corpo deformado, lavaram as impurezas. O ventou começou a soprar em seu favor, trazendo os nutrientes tão esperados em suas correntes de ar. Ele sentiu o amor de viver novamente, espetáculo da renovação. Sentiu a força voltando às raízes, soergueu-se. A fluidez voltara à sua seiva, as folhas nasceram desfrutando um mel inegualável. Restabeleceu-se, uma esplêndida e frondosa árvore.


Encontrou novamente o que lhe haviam tirado.


Multitextual.blogspot no Google

Já que ninguém além de mim frequenta este ambiente e como todo e bom internauta faz, fiquei tentado em saber o que o todo-poderoso-e-sábio-Google acha do meu blog (risos).


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Momento Filosófico (2)





"Por que compartilhar a dúvida? Ela é minha."





(Citação efetuada durante o intervalo da aula de TPJ)






5 de nov. de 2009

É a vida! (11)

Reinava no jardim um silêncio merecedor de melhor Oscar. Yasmin se preparava para sua dormida habitual, em sua cama  estranhamente personalizada. O silêncio fora quebrado por passos macrabos, estilo botina de chuva tamanho 46. A cabeça de Yasmin tentou espiar lá fora, mas o restante do corpo resistiu a perigosa tentação.

Como todo bom cidadão assustado com coisas estranhas desenrolando em sua vizinhança, Yasmin fora ligar para a polícia local. Em vão, telefone mudo. Poucos minutos depois a energia elétrica ficou no passado, escuro absoluto.

Não, Yasmin, não se desespere. Corra para a saída em busca de socorro. Grite por ajuda.

Na escuridão absoluta, cortada apenas pela pouca iluminação proporcionada por uma belíssima lua cheia, Yasmin começou a caminhar em direção à porta. Chegou ao destino, porém ficou extremamente intrigada por encontrar a porta trancada.

- Mas eu não tranquei a porta...

John já estava no domínio da situação, o show já havia começado. Carregando sua maleta, suas toscas ferramentas, começou a executar o plano.

Yasmin encontrou seu gatinho, foi acariciá-lo em busca de um consolo - afinal era apenas ele e ela dentro da casa, que parecia isolada da realidade exterior. Passou a mão no felino, sentiu-se mais calma - ela não estava sozinha.

- Graças a deus, tenho você, Bobby!

O cabelo a incomodava. Yasmin passou a mão no rosto, buscando uma solução para o cabelo que incomodava seus olhos. Sentiu algo estranho, um líquido estranhamente quente. Definitivamente não era xixi de gato... não.

Finalmente Yasmin encontrou as lanternas que estavam muito bem guardadas. Aquela líquido pegajoso ainda incomodava bastante sua face. Resolveu ir atrás de um espelho. Péssima idéia... sangue de Bobby decorava seu rosto.

O pânico foi instantâneo. Era o sinal para John entrar em ação, tudo fora planejado pelo mesmo. A atriz estava pronta e devidamente maquiada para a cena, a cena principal de seu filme. Além de pânico real, sangue de verdade era requerido, sangue de gatinho era fraco demais. Isso não era problema para John. Com uma câmera portátil na mão, ele sacou a faca e pulou em Yasmin, foi  divertido. Minutos depois tudo estava decorado de vermelho. Estava tudo concluído, o cenário, o cadáver, a cena.

Linda olhava para a belíssima lua, não muito longe dali. Em um carro vermelho ela esperava o regresso de John e seu filme maluco.

Lua vermelha...