23 de dez. de 2011

Conto de fim de ano

Os espíritos estão pouco badalados este ano. O de Natal nem se quer bateu na porta, parou e ficou observando a maçaneta, limpou os pés no tapete e permaneceu estático. Sentiu más vibrações no ambiente, ou encontrou um lugar melhor para agraciar com sua presença, esperando a oportunidade exata de partir. Na verdade, acredito que ainda a esteja procurando. Aliás, está em frente à casa até hoje.

O espírito de Ano Novo fez uma breve visita por trinta minutos. Então, achou todas as pessoas incapazes de desejar ou praticar algo bom em 2012. Deu de costas, amaldiçoou os residentes com a teoria do fim do mundo e foi embora. E a piada do dia foi: o que vem de costas não me atinge.

Agora acredito em qualquer coisa e não animo com tais festas. Entre o Natal e o Ano Novo, dia 27, digamos, Papai Noel vem montado em fogos de artifício. Isso seria inesperado e divertido. E faria todo sentido.

19 de dez. de 2011

Desarmonia

Desisti de duas ou três coisas estes últimos dias, pois abrir mão delas me pareceu muito confortável. Assim, pensei sobre todas essas falhas não planejadas, e vi prudência em não tentar algo sem noventa por cento de acerto. Ainda, algo muito melhor que o anterior.

Aliás, não fico depressivo e mal-humorado assim tão fácil. Pessoas ao meu lado morrem de reclamar. Meu rosto fica imutável, tomo um gole d'água ou de café, olho novamente, outro gole, expressão facial de e daí. Explico. Você vai fracassar novamente, acostume-se. Tome algo, então, falhando todas as opções, tente o vinho. Relaxe. Pense pouco hoje, amanhã pense muito. Soluções vem com o tempo. No máximo, desista e encontre algo melhor. Algo muito melhor que a alternativa anterior.

Olhares de repreensão em mim. Novamente, expressão facial de e daí. O cachorro passa por perto, carícias em sua face. Mais banal que a conversa. Olhares de repreensão, de novo. Pessoas ao meu lado morrem de reclamar. Sim, querem apenas atenção para seus lamentos. Adote um animal e converse com ele. Certo que ele vai abanar o rabo.

Pois meu rosto não vai passar expressão mais motivadora. E minhas mãos não irão demonstrar qualquer sinal ou gesto caridoso. Aliás, carinho dou à minha família, à minha companheira. Ainda, há pouco dele para dar e muitas pessoas por receber. 

Atenção, carinho e coisas derivadas. Apenas resquícios e pessoas insensatas. Será esse o motivo de indivíduos tão lamentosos e mal-humorados?

10 de dez. de 2011

O retorno

Sobre a sociedade
O mundo nunca foi justo por você, nem por isso você tratará da mesma maneira as pessoas. Alguém haverá de quebrar as regras e incentivar alguma bondade.

Sobre companhia
Existe a lenda dos opostos que se atraem. Um divide com o outro suas habilidades, até que as diferenças exacerbadas dão início às desavenças. Por isso, companhias que compartilham os mesmos hobbies são mais seguras. A história de vivenciar e aprender nas semelhanças. Não se espera aventuras, mas sempre se encontra o porto seguro.

Tommy, querido Tommy
Animais de estimação são legais. Eles lhe acordam pela manha sempre de boa vontade, bufando em seu rosto e arranhando alguma parte sua fora da cama. Portanto, eles lhe trazem boa companhia e não são vingativos. Falsos apenas quando querem uma recompensa diferente, e inocentes durante todo o resto.

Ler em qualquer lugar
Acho que abrir um livro em público, com uma considerável poluição sonora, é inviável. Ler, inviável do mesmo jeito. Na verdade, as pessoas gostam de que outros indivíduos as vejam lendo. Conclusões são conclusões.

23 de nov. de 2011

Mensageiros do apocalipse

Por ventura, uma estratégia fracassada pode se tornar sucesso a longo prazo. Portanto, não é potencialmente um fracasso consumado, e sim uma derrota reversível.

Ilustrando, uma planta dispensa seu pólen ao vento. Por azar, nada é polinizado. Mas, por sorte, um animal passa por perto e carrega algum desse material. Assim, esse ser viaja alguns quilômetros e, sem intenções aparentemente racionais, poliniza plantas durante o caminho.

Por isso, apostaria em sementes ou coisas parecidas. De início, um fracasso em solo ou situações inférteis. Mas a derrota é sempre reversível, seja por um caminho certo, torto ou desconhecido.

19 de nov. de 2011

A mãe, a humanidade e uma raça superior

Gravidez deve ser desconfortável. Encarei uma gestante por alguns instantes, jurei por uns vintes segundos observar um semblante de agonia e desespero. Fui desmentido ao flagrar um carinho na barriga, acrescido de um olhar dotado de ternura. Dei graças por estar errado. Concluí que algumas coisas valem muito a pena apesar de certos sacrifícios.

Esse amor ao próximo, não o chamaria de "ato de humanidade". Pois humano, em minha concepção não usual, significa ser bom e mau ao mesmo tempo. E, na maioria das vezes, e realmente, seria  conviver e aturar desequilíbrios entre mau e bom. Então, ser humano pode ser muito mau, ou, do mesmo jeito, muito bom. Porém, por aí reina uma grande tendência ao lado malvado.

Assim dizendo, chamaria o bendito "amor ao próximo" de atitude de solidariedade. Consequência de uma sociedade solidária, e não humana. Ainda, desvincularia de qualquer prefixo relacionado ao homem essas atitudes espontâneas, desinteressadas e amorosas. Pois, diria, pertencem a algo muito melhor, evoluído e civilizado que a humanidade, a própria.

Entretanto, nem todo amor é incondicional como o de uma mãe por seu filho.

15 de nov. de 2011

Autoajuda

(alguém lamentando relacionamentos)

- Vou lhe dar a solução do seu problema...

(segundos depois)

- Observe. Meu punho direito é o número um, o esquerdo é conhecido como dois. Quando um vai de encontro ao dois, o dois é repelido. Quando dois vai de encontro ao um, o um se afasta. Assim, um nunca encontra dois. Quando a ação de junção é desejada, alguém é contrário. Não entenda como lei, aceite como fato aleatório e algumas vezes verídico. Simplificando, quero dizer que não é totalmente verdade, pois não tenho como provar de maneira convincente. Mas pode ser, assim como muita coisa na vida acontece de maneira inesperada. Solucionando, o dois e um devem permanecer em inércia. Então, por acaso, dois e um andam em direção de colisão, sem mais nem menos. Acontecendo isso, é certo dar certo. Simples.

(segundos depois)

- Como?

13 de nov. de 2011

Pouco metódico

Sem graça este local, uma mistura de quatro cores intercaladas por letras. Mais agradável é o vento lá fora, os cachorros na calçada e as acerolas prontinhas para saborear. Aqui, a situação é esteticamente deplorável, porém séria. Diria até mais saudável.

Saudações ao meus pensamentos, aqueles que por aqui aparecem. Pois, assim, poderei saborear as acerolas, curtir os cachorros e sentir o vento. Despreocupar e me concentrar. Esvaziar a mente, e isso não está na moda. Incomum, e faz muito bem. Aliás, nem tudo da moda é bom.

Investi erroneamente em alguns fatos. Não percebi os resultados esperados, muito menos avanços relevantes. Talvez fossem duas ou três situações em que trabalhava. Todas falharam. Portanto, pensei no fracasso. E preferi acreditar em escolhas erradas. Agora deixarei as certas me encontrarem.

Então, de volta ao zero de expectativas. Disse, algum dia, que a bendita expectativa é melhor que a concretização do fato. Pois, assim vive-se de sonho, e enquanto assim o é, perfeito me parece. Quisera viver de ilusões por muito tempo, mas descobri que até mesmo o fracasso torna-se necessário. Pois, assim, abrem-se portas para outras expectativas. Estas talvez concretizadas e, por sorte, permanecendo idênticas aos sonhos. Duas ou três é melhor que uma.

Voltemos as acerolas, pois já existem e são doces. O vento se revela ao derrubar as frutinhas maduras, e os cachorros as abocanham com sagacidade, ainda em queda livre.

7 de nov. de 2011

Quatro ou duas perninhas

Andar de moto compreende em assumir um risco além daqueles oferecidos por automóveis em geral. Consiste em arcar com a queda em sua integridade, doar o corpo ao asfalto e torcer para o menor dano possível.

Assim, uma racha sobre duas rodas eleva o risco de queda em 10 vezes. Chute pouco matemático mas compreensível. Aliás, capacetes são até são legais. Rosas, verdes ou azuis. Um grande impacto e estilhaços coloridos e avermelhados ao ar.

Na vida, o caminho mais fácil não tem a estabilidade de quatro rodas. Diria ter duas. A variedade de capacetes são muitas, e a sensação de segurança é até aceitável. Mas, no fim, o impacto é devastador.

Por favor, quatro rodas. Um conselho educado e preocupado, apesar das escolhas e besteiras serem de responsabilidade sua. Teria eu haver com isso?

6 de nov. de 2011

O ingênuo fato da certeza

Em direção ao destino diário, aquele rotineiro e no qual se executa atividades ainda mais rotineiras, observa-se a irregularidade dos paralelepípedos no solo (a situação de olhar para o chão, caminhando de maneira às cegas, consiste no fato de que o sol ofusca a visão ao se olhar horizontalmente).

Padrão irregular, diria defeituoso e relutante em ser harmônico (obviamente uma visão particular). Basta um olhar não muito atento, uma espiada no espelho pela manhã (o ritual de lavar a face), as plantas nas ruas (balançar das folhas), o vento levando o pó e outros. Fora do padrão. Para o indivíduo em questão, desarmonia.

Alguém que se vê perfeito, ou tem essa concepção de alguém, não pertence a este mundo. Ainda mais se acredita que fatos caminham para finais felizes (no final tudo dará certo). Não pertence, então, a esse mundo mundano. Está preso em outro lugar qualquer, criado por alguma espécie de dogma.

Irregulares os paralelepípedos, assim como a maneira que as coisas são concebidas e as situações proporcionadas por elas se desenrolam. Assim, sem padrão algum, reviravoltas são possíveis. O ingênuo fato da certeza, aquele que se depara com a incerteza.

Portanto, rotina é mito.

2 de nov. de 2011

Finados

Durante toda tarde, o vento uivou incessantemente por algum orifício da janela, além de uma cor densa e azul que se avistava pelas persianas. O frio tomou conta das extremidades do corpo e as cobertas foram amigáveis.

Típico dia de finados, pouco convidativo para uma boa caminhada lá fora. Entretanto, o ar de dentro das residências ficou impregnado de uma pureza convidativa a uma voltinha em meio ao relento. Ar úmido com cheiro de água. Parecia até nevar por algum instante, mas a localização geográfica quebrou a incerteza. Apenas um dia estranho, o dia para os mortos.

Então morri em minha cama por algumas horas, livrando-me daquela canseira acumulada durante a semana, a que aproxima nossos reflexos aos de um cadáver. Então, hoje, foi dada a chanse dos mortos descancarem, aqueles cadáveres que não estão enterrados e andam por aí. Feriado nacional.

Aliás, observei por aí algumas lamentações. A tentativa de justificar algo tentando encontrar uma suposta beleza a qualquer custo. Grande lamentação. Foi o ato mais tosco que vi durante a semana, pois a tentativa pareceu tão evidente que tornou-se ridícula. Um comentário desnecessário, este meu e o citado da pessoa.

Entretanto hoje fora dia de lamentar. Por tanto, relevei um pouco minha surpresa. Lamentar pelos falecidos queridos e os problemas mundanos. Deitar, tentar dormir, acordar atolado de lamentações. Por isso, hoje, escolhi ficar indiferente a tudo e meu sono fora ótimo. Minto, ao fato citado agora a pouco foi impossível ficar indiferente. Apenas imaginei que fora uma situação irrelevante.

30 de out. de 2011

Exorcismo

Esta é a ânsia frenética entre uma vida comum e uma além disso. Por isso todas estas reclamações e indagações infundadas, noites mal dormidas e pensamentos inconclusivos. Somam-se objetivos fora de alcance e situações não solúveis.

Também declarações pessimistas, tal como essa. Entende-se uma pessoa que escreve por concordar, e outras que leem e entendem por vivenciarem. Supõe-se que entendem e não se pode afirmar que concordam.

Então, às vezes, deito no chão com algumas almofadas. Apoio minha cabeça nelas e abro o laptop em direção a varanda, tentando escrever situações mais harmoniosas. A cama, no canto escuro, é carregada de lembranças ruins.

O tempo está chuvoso e consideravelmente frio, a brisa da enseada refresca a face cansada e o som dos carros passando em pista molhada é evidente. E, ao longe, crianças gritando alguma coisa que parece ser bonita. Escrevo pois, assim, coisas fúteis e não pessimistas. Confesso que gosto muito mais das fúteis, pois ao menos  refletem tranquilidade e descompromisso.

27 de out. de 2011

De cima a baixo e um sorriso

Elevadores são suntuosos e misteriosos ambientes quando se está sozinho. Proporcionam uma série de rituais, geralmente socialmente banidos ou sinônimos de deboche certo e muita criticidade.

Então, elevadores são lugares de dramaticidade. Muito mais que isso, de interação consigo mesmo e de experimentação. Mas, para propiciar tais aspectos, basta a sorte de uma viajem sozinho. Não se assuste com sua sessão de poses e estranhas, limpeza de lugares indevidos, sussurros de palavras em incentivo ao ego.

Inspeção de cima a baixo e uma penteada no cabelo. Essa é a sorte de estar sozinho. E, às vezes, uma flagra. A porta abre e na distração não se percebe o indivíduo estranho a contemplar você.

Mas o grave consiste na bendita câmera ali em cima. Alguém, em algum lugar e alguma hora, vai apreciar todas essas privacidades esdrúxulas. Comprará pipoca, coca-cola e vai enfileirar os vídeos dos últimos três meses. E em um longo feriado, sentará numa poltrona enrugada, gargalhando até dormir, saciado de entretenimento e de barriga cheia.

Sorria, você está sendo filmado. E quem ri por último é o indivíduo lhe verá em uma época posterior, às escuras.

21 de out. de 2011

I can hear the ocean

Do alto da cama, por baixo dos panos e na segurança do quarto se escuta o oceano. Em vezes raras e  imprevisíveis, como calmos finais de semana e feriados específicos, estes pouco badalados e ocupados.

Ainda coberto na cama, a relutância em levantar é grande. Pois a maré desenha na areia e a música saí com pressa e maestria. Os pássaros, desconhecidos e de cantoria bela, completam a presente melodia. 

Completamente analógica a música, todos os devidos dispositivos de ruído intermitente desligados. Está, por sorte, o celular com a bateria morta e o computador com a tela negra. Ao fundo se ouve rádio, fecha-se a porta. Saudações ao vento. Novamente, uma música completamente analógica.

Do alto da cama, coberto e com preguiça, ainda se escuta a maré. Por mais que o sono ataque e a mãe convide para o café, ainda se ouve o oceano muito mais sedutor.

15 de out. de 2011

Trambolho

Dei-me conta dos grandes e pequenos erros cometidos por aí. Porém, mais do que tamanho ou intensidade, o destaque e a fama ficam para o desenrolar dos fatos durante a  próxima semana.

Vejamos. Com uma opção que depende de duas variáveis para exercer dois eventos distintos é até fácil de prever a catástrofe ou o acerto, assim como prevenir ou amenizar as consequências. Mas, como indivíduos preferem situações complexas (não por preferir exatamente, é o modo como a vida se estrutura) e costumam exagerar em certas atitudes, a primeira frase desse parágrafo já torna-se inútil.

Inútil também se tornam certos conceitos deterministas. Pois não definiriam com exatidão situações complexas com as quais me deparo, talvez apenas deem pista de uma explicação aceitável para situações de duas variáveis.

Mas por aí chove momentos pouco deterministas e de encruzilhadas ricas em bifurcações. E cada caminho situado ali, que leva a algum lugar (ou a lugar algum), na maioria das vezes desconhecidos, reserva ao final um buraco de alguns metros. Uma queda é quase sempre esperada. E se aguarda com esperança uma altura mínima.

12 de out. de 2011

O rito

Cercado por fortificações não hostis, por isso agradavelmente suntuosas e desarmadas, está a concepção propriamente dita do ser humano. Insignificante para a maioria, irrelevante para grande parte, relevante para pouco menos de uma minoria, e entendido como importante para três ou dois.

Por sorte e por vezes, em tempo de certa sanidade, destreza ou necessidade, encontra-se entreaberto o portão da fortificação. É que, durante a penumbra da noite, a concepção propriamente dita humana, de maneira furtiva e desengonçada (o que torna o ato delatável) gira as engrenagens da casa de máquinas até se ver uma pequena brecha na grandiosa porta de entrada, o suficiente para a passagem de alguém.

Assim, o fato das pessoas entrarem por ali torna-se além da possibilidade de nula. De longe, a pequena brecha nunca haverá de ser vista. Mas, por perto da construção é praticamente impossível que se passe por despercebida.

Entende-se um pequeno jogo, uma pequena prova, o teste. O interesse ou a curiosidade levaria de encontra à fortaleza, a suntuosidade poderia seduzir, a pequena brecha deverá ser convidativa a entrar. Praticamente como um rito de passagem, certa verificação de valores e concepções.

Por sorte, esses três ou dois indivíduos podem ser fisgados. Ou, por azar, nunca haverão de passar ali por perto. Talvez outras estratégias devem ser utilizadas. Mas, por hora, a presente ainda parece ser adequada e ajustável a própria concepção propriamente dita humana.

9 de out. de 2011

Altas emoções... melhor comprar um animalzinho

Preparara a festa com tamanho entusiasmo que esquecera de ajeitar a si mesma. Então, em um ato de desespero, correu para o banheiro, sacou a escova de cabelo e começou a se pentear. Perfumou-se além da conta e exagerou no batom. Borrou-se e nem notou.

Não tivera tempo de limpar os sapatinhos, improvisou com um pano úmido e não resolveu quase nada. Arrebatou o vestido por sorte previamente passado, analisou o cheiro de mofo e vestiu. Acrescentou mais algum perfume para desiludir o mal cheiro.

Lembrara do grande tempo sem um banho. Sorriu quando viu novamente o frasco. Perfumou-se novamente. O cachorro, Loló, afastou-se incomodado. Deitou em um canto e dormiu.

Pegou uma garrafa d’água e encheu de gelo. Reconheceu e aceitou o erro de deixar a comida previamente exposta. Tudo esfriara com rapidez. Ligou o forno e deixou de prontidão. “Quando ele chegar, a comida vou esquentar”.

Deixou a garrafa d’água ao lado de sua cadeira predileta, agarrou Loló e sentou-se ligeiramente deitada. Esperou durante duas horas da noite e três da madrugada. Adormeceu. Acordou e notou que Loló comera toda a comida. O gás acabou e o frasco de perfume jazia dilacerado no chão. “Loló!”.

5 de out. de 2011

Dançando na chuva

Quisera eu que todos os dias tivessem este começo agradável, molhados pela chuva, assim, úmidos e serenos. Um sono pesado de início, acrescido de um despertar difícil e que vale a pena. Pois exercer atividades em clima incomum até realçam minha criatividade e meu bom estado de espírito.

Parece que isso marca uma exceção.

A chuva talvez realce personalidades. Libera certo mal humor, dificilmente bom, ou atitudes abruptas, por vezes lamentáveis. A humanidade fica suscetível a ser ela mesma. Assim, para entender e de sobra experimentando o estado de vítima, espiei motoristas e a correria em avenidas alagadas.

Daí, descobre-se a aclamada falta de educação. Até acredita-se que o ser humano nunca possa ser bondoso com alguém ou algo. Desconsiderar pedestres, imaginar um mar a sua frente, um grande e pomposo iate em mãos, todos agora navegando, espirrando água nos indivíduos das laterais. Ah! não importa nenhum deles!

É o tipo de diversão sem senso de coletividade e maldosa, sem senso nenhum. Como se motoristas odiassem chuva e, por isso, descontariam sua ira com cargas d'água em pedestres. Os chamados cretinos. Até acredita-se que o ser humano nunca possa ser bondoso com alguém ou algo. Mas, entretanto, essa atitude esdrúxula e a presente filosofia pessimista nunca afetariam meu bom humor, oriundo deste gostoso e inspirante clima chuvoso.


2 de out. de 2011

Defina sedução

Uma mão que toca o ombro em sinal de atenção, requer mais que simples pedidos ou explicações. Arriscaria dizer tratar-se de desculpa, motivo intencional ou nada não.

Nada não mal pensado, esculachado, quase revelador. Um sorriso mal encarado, leve movimento de meia volta e certa lamentação.

Agora chocolates, pipocas ou amendoins. Diria largar a inconveniência, deixar rolar e saber aceitar.

29 de set. de 2011

Insatisfeito, o andarilho

As ruas já desertas há certo tempo denotam um ar de esquecimento não intencional. Pois o objetivo desta cidade, pequena e que visa imponência, é aderir ao movimento constante e às luzes de estabelecimentos vinte e quatro horas funcionais.

Um comida não necessariamente exótica ou demasiadamente saborosa cairia bem com esta vista da baía. Águas calmas enegrecidas pela noite e uma difusa luz proveniente da lua completariam um clima respeitavelmente agradável.

Pensei também em umas passarelas artificialmente iluminadas e praças com parquinhos multicoloridos. Mas, para resumir e ser breve, e reutilizando minha mania de sucinticidade, sugiro imortalidade a todos estes habitantes. 

Assim, creio que as pessoas parariam de se atentar em sobreviver e refletiriam sobre conceber imponentes, colossais e inovadoras construções em volta da baía.

25 de set. de 2011

Ato descomplicado

Laços pessoais entre dois indivíduos sozinhos e potencialmente abordáveis são complicados. Pensara que duas concepções se somariam assim tão facilmente, mas, na verdade, ambas permanecem inertes em seus próprios locais rotineiros.

Uma xícara de café apresenta-se fumegante por minutos antes de esfriar, bem como seu conteúdo está em totalidade antes de ser consumido. Analogamente entende-se a duração ou concepção de um laço, compromisso ou descompromisso sério.

No mesmo exemplo, soma-se o fato compreendido entre saborear e aproveitar o momento mais quente da situação. E se há cafeína o ato é potencializado. Seguirá uma série de atitudes semelhantes, e tudo tenderá ao vício.

Talvez um vício de tomar e retomar desejado. Assim, tal ideia encontraria finalmente uma descomplicação.

21 de set. de 2011

CAIXA ALTA

Após uma porrada de sucessivas dicas desenroladas por palavras cruéis, há o ato de desespero acrescido do desistir. Essa relação certamente intensificada com uma grande reclamação em caixa alta. NA VERDADE, trata-se de um jogo de interesses muito específico, em que aprender vem aliado ao desagradável, porém necessário.

Entende-se uma "filosofia" pioneira, marcada pelo fato de que o mundo é maldoso com você e, por esse motivo e para melhor eficácia, devemos aprender sobre o mundo da mesma não convencional "maneira maldosa".

Já disseram que há certos males que vêm para o bem e, por consequência, lembrariam da citação "no pain, no gain". Agora, falta uma reflexão acerca do desistir e do não querer, por não entender ou desmiussar adequadamente os métodos de certas pessoas.

16 de set. de 2011

Multiretroativo

Passei cerca de sete dias pensando sobre a imprevisibilidade e o querer e não poder. Esbarrei em muitas cadeiras e tropecei em várias calçadas e, por fim, concluí com tais acidentes o óbvio, acrescido de um pouco mais dele mesmo.

Não poderia prever um tropeço ou um esbarrão por mim mesmo, mas poderia evitá-los não relegando minha atenção a um campo imaginativo. Entretanto, o que é relevante advém do fato que o piso deveria ser minimamente liso e as cadeiras haveriam de der uma distância mínima umas das outras, a fim de ambos providenciarem passagem segura.

Por concluir o óbvio e novamente repensar e concluir a mesma coisa, cheguei ao fato do querer e não poder. Não haveria como brotar do chão calçadas maravilhosas e salas com móveis simetricamente espaçados.

Assim, a força em questão que me fez parar de pensar por falta de coerência é a situação em que as pessoas adoram usar coisas degeneradas e usufruir de locais perigosos. Estendendo-se tal raciocínio também aos relacionamentos degenerados e perigosos.

Então, a falta de coerência haverá de ser desvendada em outra semana conturbada.

14 de set. de 2011

"Life Boom"

Este é chamado de "o Templo", aclamado por suas luzes brilhantes e promessas de felicidade. De início, um passeio por entre salões de cultos diversos, cada qual com suas lições e estilo acerca da vida.

Esta é uma rotina religiosa extremamente comum. Ateus são inexistentes em seu conceito de nenhuma adoração. Não cultuar é intrinsecamente ligado a não viver.

Sentimento reluzente nos olhos de fanáticos religiosos que dura enquanto perdura a fé. Esta alimentada com algo devidamente nomeado, conhecido e apreciado.

Por fim, uma alternância de frustração e de renovação na fé, em fé e com fé. Aliás, hoje tem liquidação aqui por perto.

12 de set. de 2011

No mínimo, metade

A preferência sempre foi conhecer cinquenta por cento, pois a outra metade é construída em incertezas. Explico: considero que você lembra da metade de sua vida e vagarosamente a outra parte, de sua adolescência e antes dela. Nada de culpa, pois ainda não conheci uma memória cem por cento infalível. Por sorte, a regra estipula que é preciso conhecer um ao outro, ao menos cinquenta. Suposta mentira número um.

Você nunca sabe o bastante sobre mim e eu nunca conheço a essência sobre você. De resto, resta discórdia. Prezamos que seja saudável.

Suposta mentira número dois, cinquenta por cento de tempo integral disponível. Dez para necessidades fundamentais, leia-se essenciais, vinte para os estudos e mais vinte para o trabalho. Cinquenta para ti. Mentira número dois. Acréscimo de vinte ao trabalho e dez ao estudo, talvez reste vinte.

Talvez reste vinte, vinte por cento bem aproveitado. Lembrei de umas coisas por fazer e você de outras mais. Cinco por cento é luxo, um cinco bem destrinchado.

8 de set. de 2011

Ao contrário do que se pensa

Ao pé de uma grande montanha amaldiçoada, jaz uma pequena cidadela de pessoas estagnadas em seus interesses de viver e morrer, numa rotina prazerosamente calma e controlável.

De tempos em tempos, de maneira rápida e não esperada, passa o senhor carteiro da cidade do outro lado da montanha. Esse esperado com o desprezar das pessoas.

A notícia era nenhuma. Pois na outra cidade nada acontecia, nada que poderia mudar o rumo da cidadela. Portanto, era rotina temer a chegada do senhor carteiro, mas era certeza não encontrar o indesejável.

Durante anos, jovens, insatisfeitos com a estagnação da cidadela e em busca de algo novo, desbravaram a misteriosa montanha amaldiçoada. Tal ambiente provia uma névoa densa que não permitia visão alguma. Portanto, amaldiçoada por assim dizer as pessoas mais velhas, sábias e mandantes. Assim, uma cultura baseada em mitos. E os jovens partiam e não voltavam. Na outra cidade nunca chegaram ou por perto foram avistados. Assim foi por muito tempo.

Certo dia correram boatos sobre uma nova cidade no topo da montanha, esclarecida sobre as coisas por poder observar com privilégio. No local a névoa era inexistente, como se lá embaixo ela fosse exclusivamente proposital.

Desta vez o carteiro chegou breve, trazendo notícias sobre a cidade no alto da montanha. Esta detentora de conquistas quanto ao esclarecimento das populações. Imediatamente, o velho carteiro foi acusado de bruxaria e queimado. As moradias foram abandonadas e as pessoas rumaram para longe da montanha.

5 de set. de 2011

Na ponte que cruza o arco-íris, lá reside o ouro

Encontrei pessoas em passos vagarosos, esbarrei em algumas e, após mencionar desculpas, fui ignorado e segui andando. Ganhei alguns goles de intriga momentânea e conclusões através de uma indigestão rotineira.

Encarei indivíduos com celulares em mãos. Percebi não estar exatamente encarando haja vista a ausência do cruzamento entre olhares, pois, não sendo o ato reconhecido e documentado, ele não existe. Depois peguei-me mergulhado em meu  próprio aparelho. Por  demais assustado e pensativo, confinei-o ao bolso e andei para um lugar qualquer.

Caminhando, aderi ao fato de que desisti de acreditar na pontualidade. Parece que ser pontual tornou-se anormalidade e, mesmo assim, acho que permanecerei na anormalidade.

Mais tarde, passaram pelos meus ouvidos uma variedade de quatro assuntos, os mesmos de duas semanas atrás, talvez dos últimos dois meses. Então bocejei e lembrei que o faço bastante atualmente. Concluí não estar cansado, relembrando minha boa noite de sono, e algo mais.

Acho que hoje, quase que certo, contarei os carros que passarão pela terceira ponte após às onze da noite. Será estranhamente estimulante. Estímulo que pretendo usar, assim desejo, para encontrar palavras menos desgostosas acerca do mundo.

1 de set. de 2011

Social vibe

Entenderia o mundo como um conjunto de hordas perdidas em seus interesses solitários ou coletivos. Divisões territoriais conflituosas e seres poucos entendidos das coisas e sobre si mesmos.

Imagino que decisões estúpidas só podem ser tomadas por um conjunto desprovido de inteligência própria, o qual atuaria unicamente por instinto, convenção ou ordem. Nesse caso, aproxima-se de uma ideia apocalíptica, construída por uma sociedade zumbi.

Cidades zumbis, frequentadas por uma horda de mortos (talvez quase), providos de impulsos elétricos pouco racionais e adeptos de uma obediência cega e burra. Hora comendo uns aos outros, hora vagando por aí através de ordens pouco explicadas mas profundamente necessárias.

Cidadãos invocados por uma grande situação de necromancia, estado o qual é entendido por certos valores que direcionam a vida vigente.

28 de ago. de 2011

Mirabel

Ao nascer
Mirabel nasceu em uma árvore torta, desfolhada e chamuscada. O grande incêndio da primeira noite de verão selou sua vinda ao mundo, com isso quase tirando seu breve momento de vida.

Ao completar certa idade ele caiu no chão. A árvore, avariada, não o sustentava mais como deveria e, prematuramente, Mirabel foi para a terra. Por sorte caiu de pé, por pouco não ralando os joelhos ou batendo com a cabeça.

O mundo
Andava distraído e distribuindo sorrisos. As pessoas, o acusando com um olhar de superioridade, diziam que Mirabel avariou algo em sua cabeça ao cair de árvore. Ele encarava tudo com naturalidade, desejava descobrir o motivo das chacotas mas não se preocupava com a situação.

Sem preocupação e por bondade, tentou explicar que não havia nada de errado. Mas Mirabel não tinha dinheiro para atestar de acordo com a medicina.

O rio
Passou perto do rio e viu que havia algo de errado. Mirabel prendeu a respiração e não bebeu da água. E assim foi pelo tempo que durou sua vida, pois não possuía recursos viáveis ou dinheiro para adquirir filtros ou água potável.

Moda
Era crente na aparência das pessoas e por isso não haveria de se surpreender tão cedo. Entretanto, descobriu a tintura de cabelo e outros métodos de modificar o corpo. Assim, viu que pessoas são travestidas do jeito que desejarem.

Aquela que era loira na verdade é ruiva. E a morena era castanho claro. Mirabel estranhou, mas nem por isso quis fazer o mesmo ou discriminar atitudes.

Arco-íris
Observou que pessoas pulavam de casa em casa sem menores problemas, recusando propostas e procurando ouro em lugares cada vez mais longe e sujos. Mirabel foi tentar fazer o mesmo e, como recompensa, foi linchado.


Cadáveres
Mirabel estranhou como indivíduos ganhavam dinheiro enfeitando cadáveres. Não entendia porque haveriam de enterrar algo tão trabalhado e caro.

Teatro
Ele compreendeu uma certa vocação para atores e atrizes na maioria das pessoas. Espiava casas, trabalhos e becos escuros. Via discrepâncias.

Então Mirabel engajou-se nesta arte. E assim foi atrás do seu próprio pote de ouro. Com o primeiro cliente, o trabalho foi entusiasmado e rendeu resultado.

Por fim, Mirabel morreu em uma avenida sem nome, vítima de problemas pessoais resultantes de seu primeiro e único emprego.

Casa
A árvore torta, desfolhada e chamuscada ainda perdurou por uma semana. Enquanto isso, o corpo de Mirabel permaneceu na rua por quinze dias, sem ninguém tocar e olhar. Por fim, a chuva lavou o que restou de sua mortalidade.

24 de ago. de 2011

Boring

Jaz em terra fértil de possibilidades, valores e desvalores, uma legião de jovens energizados. Todos aficionados em coisas momentaneamente úteis e sedutoras, tão simplórias quanto agradáveis. 

Depois de um breve estado de satisfação, desmorona o peso das responsabilidades e tempo perdido. Pedregulhos a rolar do penhasco, atingindo uma casa supostamente segura e confortável.

Em meta de evitar fatalidades, indivíduos preferem artes exatas. Assim, apostam em nunca errar cálculos e manter moradores de residências salvos, colunas e estruturas de construções impecáveis.

Prédios caem.

Outros ralam na arte do improviso, a arriscar e obviamente exercendo o desprecavido. Cultuam a adrenalina e, apesar de desaprovações, engatam na surdez e empreendem seus delírios de felicidade.

Ninguém é imortal em carne.

Parece-me muito com uma época de pessoas chatas.

21 de ago. de 2011

Bem como o bem comum

Ao acordar defendemos uma rápida e imperceptível passagem do tempo presente. Assim, encontramos desejáveis eventos em marcadas horas do dia. 

Convém a exclusão dos minutos, segundos, bem como as horas. A totalidade definida em prazerosos momentos destacados entre consumo frenético e relações flexíveis.

De fato, o sol brilha todo dia, as pessoas ainda atravessam na faixa de pedestres e outras também não o fazem. Mas, na verdade, de nada importa o que os outros fazem pois, de maneira utilitária, convém apenas saciar interesses individuais. 

Talvez o comum seja entendido como um tanto cafona, bem como o bem comum.

17 de ago. de 2011

Mundo desmedido

Um grande salto é um tremendo e incontestável avanço. Mas, por trás da glória jaz deficiência, vulgo problema desmedido.

Por isso um grande e exacerbado salto, uma extravagante pirueta por cima do indesejável, este com uma mantra encrustada de problemas. Assim, indelicadezas para trás e uma estrada em calmaria. Um atrevido pulo para a felicidade.

A técnica comumente usada é conhecida como "o mundo é meu". Consiste em fones de ouvidos e atenção voltada para o interior. Reflexões individualistas desconexas com a exterioridade, tudo sincronizado com uma empolgante música ao gosto do indivíduo.

O uso continuo suprime problemas imediatos. Estes são constantes e portanto o ato é crônico.

Assim, tenho medo quando esses senhores caminham pelas ruas, aparentemente distraídos. Sente-se a corrente de ar dos veículos em alta velocidade e tais indivíduos ali por perto, cabisbaixos, descuidados.

Concluí que trata-se de confiança. Esta reduzida a um contrato de não agressão mútua. Você não estraga meu mundo e eu não estrago o seu. Quero meu carro inteiro e você seu corpo perfeito. Esse é o tratado de não invasão aos âmbitos individuais, a diplomacia neomoderna.

12 de ago. de 2011

Fragmentando lembranças

Inerente a boa convivência e extremamente convencional, é conhecido e chamado como "ato de lembrar". Este também entendido como presentear, abordar e cobrar.

Presentear em um sentido apenas psicológico, desprovido de intenções posteriores, aquelas que começam com abordar e terminam em cobrar. O caso desenvolvido é o mais inocente e extinto, apenas a pura reflexão do lembrar.

Tal atitude consiste em si próprio e aos outros. No indivíduo, temos o ato de encher estantes com fotos em lembrança e culto ao passado, ótimos eventos em papel especial que extinguem as dores presentes. A vivência momentânea de gloriosos tempos.

Do indivíduo para o outro, é a representação da presença de quem se gosta. Um namorico com imagens ou a ilusão da onipresença de alguém.

E, nos dois casos, não vejo vantagem a longo prazo. Mas o que me vem em mente, entretanto, é que as pessoas gostam de ser lembradas.

8 de ago. de 2011

2) a calmaria

A calmaria consiste em um evento esporádico, por vezes planejada, querida e louvada. É advinda de situações harmoniosas, normalmente oriundas da boa sorte e escancaradas para quem quiser conturbar.

É recomendável aproveitar, usufruir, bem como compartilhar. A calmaria sempre deixa boas impressões, pois assim foi concebida em seu significado mínimo. Uma programação procurada, rara e extremamente seletiva.

Abrigo, nesse caso, consiste em correr fora. Pois aproveitar não revela competências, o que torna o recessão do evento a antítese do mesmo.

5 de ago. de 2011

1) o furacão

O furacão consiste em um evento cíclico, desavisado, astuto e sem escrúpulos. É advindo de situações catastróficas, oriundas das camadas mais profundas, entrecobertas porém conhecidas.

Não há como pular fora com segurança, sem arranhões ou fraturas expostas. O furacão sempre deixe sua marca, pois assim foi designado em sua criação. Uma programação sagaz, por vezes aleatória ou com alvo específico.

Abrigo, nesse caso, consiste no próprio evento catastrófico. Pois enfrentar de dentro nos faz provar certas competências, o que torna a queda mais suave a cada tentativa de salvação.

3 de ago. de 2011

Dicas de estrada

Pouco lembrado, mas verdadeiro e até poético. Na correria rotineira e desenfreada, os males se sobrepõem com naturalidade em nossas relações. Por isso, pequenos e bondosos gestos serão lembrados com carinho. Esses, não inclusos na naturalidade, são acrescidos na parte sobrenatural.

Por tanto, deveria ser estipulada uma cota de gestos bondosos no dia de cada pessoa. Assim, a vida se tornaria mais agradável e menos estressante. Isso já muito dito por pessoas diversas e aprovado por outras mais.

Nesse assunto encontra-se um fato alarmante, infelizmente verdadeiro. É que bons gestos são facilmente simulados. Usados para benefício próprio e realizados de maneira descarada, aliados aos interesses individuais.

Isso já muito dito por pessoas diversas e aprovado por outras mais.

Então, junto às cotas de gestos bondosos, deverão ser entregues dispositivos detectores de "gestos descarados". Infelizmente uma realidade ainda impraticável, assim como as cotas propostas.

Isso eu digo.

1 de ago. de 2011

Sobre seu dia de hoje

O olhar pomposo de certos indivíduos é ignorado, pois a maioria enxerga a si mesmo acima de todos os outros. Para isso, utiliza-se a técnica da inércia moderna.

Basicamente um deixar levar pelas forças, desprovimento de luta e preocupação. Engajar-se na liquidez das relações e ignorar qualquer esforço oriundo do subconsciente. O último esforço em desespero do lado sobrevivente de uma mente humana.

É que uma parte da gente ainda conhece o lado bom de viver fora disso tudo.

Render-se às forças mundanas. Pensar estratégicamente, igual a todos eles. Estratégicamente para si mesmo, descartando tudo e todos. Diz-se pensando, este depois trocado, de maneira extravagante, por intelectualizando. Ser melhor, equivalente a brincando de parecer inteligente.

Assim, descobre-se um orgasmo cínico e breve. E mais uma série de orgasmos breves e leves, ainda cínicos. Daí, segue-se uma fila de eventos prazerosos, tão bons quanto rápidos; não obstante ser cínico. 

Acabar antes que piore. É lei faz algum tempo.

28 de jul. de 2011

A loucura

A fila media cerca de alguns metros, aparentemente um rebanho. Digo um rebanho, não para os cidadãos ali presentes e sim para o pastor. O temível pastor do Terminal.

Uma espécie de cerimônia, a última de um desespero acumulado por décadas. Vestido elegantemente e munido da bíblia, o senhor de terno tentava salvar almas. Uma fila de infiéis, deveria assim concluir.

Infiéis risonhos e desleixados. Portanto, um pastor nada temível para a maioria. Mas quem castiga é Deus, talvez ele diria. O dia do julgamento vai chegar. Lá vêm eles, os sussurros no ambiente, e o louco do Terminal.

Senti até culpa, através das palavras proferidas com veemência. Eu, um pecador. Rápidos segundos de culpa. Já, já se foram. E ele, um louco, assim entendia a maioria. Mas, pensando bem, para ele os loucos somos nós. Loucos por não aceitar o Deus verdadeiro, por rir de suas palavras.

Ah! Todo mundo é louco então.

26 de jul. de 2011

A guerrilha dos blogs

Consiste, no primeiro momento, em euforia mental, criatividade em alta e entusiasmo.

Textos enormes, conversa afiada e histórinhas.

Em segundo lugar, uma crise pós-início. Grandes lapsos temporais, decresso de criatividade e alegação de falta de tempo.

Parágrafos de quatro palavras e conversa ainda mais afiada.

Por fim, nada mais acontece.

Novamente uma euforia mental. Criatividade em alta, entusiasmo...

25 de jul. de 2011

I took my feet

Poderia irrelevar* não atitudes, entenderia como uma forma mais que explícita de iniciativa. Questão de tempo, diria alguém.

Mesmo que grandes, sábios e astutos estrategistas da antiguidade quisessem conquistar o mundo em um dia, eles sabiam das limitações que tornam sonhos e desejos impraticáveis; tecnológicas, humanas e sociais.

Entretanto, alguns seguiram mais o coração e falharam.

Não interpretaria como uma forma de desencorajamento e sim de aprendizado. Grandes projetos, realizações, trabalhos e amores chegam com o tempo, falaria outra pessoa.

Tempo ao tempo, diriam que a pressa é inimiga da perfeição. Afinal, quando se quer algo, um grande surpresa é tão boa quanto o próprio algo.

*não existe na língua portuguesa

23 de jul. de 2011

Momento sublime

Os momentos sublimes são presenciados por folhas banhadas em orvalho. Pois é nesse ambiente, fresco na meia luz, que entendemos o significado de calmaria e serenidade. Rara situação de esclarecimento.

Consiste na hora mais agradável no dia, em que as pessoas estão enterradas em suas camas e a natureza pode respirar calmamente e sozinha. Quase um momento secreto. O sol já é pela metade e pássaros surgem no céu azul negro, sinais da iminente quebra de cenário.

Quando os gritos das crianças, ao caminharem para a escola, e o som das cafeteiras, com seus cafés fumegantes, invadem o ar, as folhas já se encontram sequinhas. Assim, junto com o orvalho se foi tal momento sublime, especial por natureza e batizado como raridade de meditação.

21 de jul. de 2011

Teoria matemática

Dizer que um copo está cheio pela metade, e somento isso, é arriscado e possivelmente entendido por mentira. Afinal, verdade absoluta, neste caso, é traduzida em números. Alguns milímetros ou metros cúbicos, especificamente. 

O total dividido por dois, entendido por metade. Objetividade irrefutável, certeza desprovida de receios. Confiança de caráter matemático.

Em um âmbito mais pessoal, de tão inconsistentes, (des)ocupadas ou preguiçosas que são certas pessoas, confiança tornou-se uma escassa ferramenta de credibilidade. Por tanto, confiabilidade é dádiva, melhor que presente surpresa de aniversário, aquele esperado e não realmente surpreendente, e todos os outros agrados. 

Então amores, grandes amizades e ótimos funcionários são indivíduos indispensáveis, raros e dificilmente descartáveis. Assim, entende-se uma certa acomodação da cobrança e culto da confiança. 

Leia-se como quiser nas entrelinhas, tudo isso pois as pessoas odeiam matemática.

15 de jul. de 2011

Diving

O mar ainda não está para peixe, mas não faltam regalias de todos os tipos. Alimentos temperados a ouro, festas épicas e bebidas divinas. Por isso, sou contra a procriação em laguinhos. Talvez mais rentável, mas prejudicial em outros pontos. O mar é que está com quase tudo, menos com público.

Preocupa-me poluição. Areias escuras e lixo nas encostas. Então, sabe-se lá o que espera por baixo da água.

Lagos serenos e limpos, mares desafiadores. Entretanto, já que nesse caso facilidade não é regalia, apostemos no oceano. Felicidades e fatalidades em dose única.

Nota do dia XIV

Olho, releio e olho. Por aqui, apenas me vejo.

14 de jul. de 2011

Questão de bom gosto

Depois de algumas tardes frias o tempo esquentou. Pessoas agora têm desculpa para usar óculos sol, o céu não mais está nublado e a luz já incomoda os olhos.

Lentes escuras são acessórios para o ego, acredito. Comprovo, pois surpreende um céu fechado, a cidade na penumbra e indivíduos mascarados de óculos de sol.

Não culpo o costume, haja vista o fato de que um país tropical há de apresentar muito sol em seus meses. Culpo a vaidade, esta a qual deixa as pessoas ridículas de vez em quando.

Acusariam de questão de opinião. Pois é, em um blog pessoal e nada factual, a opinião conta bastante.

11 de jul. de 2011

Nota do dia XIII

Rosas murchas em seus cadernos - mumificação de lembranças. Lembrar ou não lembrar, como não fazer ou como fazer.

10 de jul. de 2011

Estado de situação

Deparo-me com cursor piscando, luz apagada e canção aleatória em minha playlist. Entende-se que o suposto cursor anda para a direita, deixando letras no caminho percorrido, da direita para a esquerda e ao som da música.

A música não deveria interferir no conteúdo, mas assim não é e disfarçar é em vão.

Não há muito tempo fui surpreendido com a pergunta de que seriam apenas jornalistas que tinham blogs. Queria responder educadamente que atualmente não fazia diferença, todos poderiam ser contratados como esse indivíduo. De fato, um assunto irrelevante para mim e extremamente mastigado ao ponto de ser irritante. E, é claro, não fui indelicado e apenas permaneci em silêncio e parti. Não pareceu errôneo em comparação à grosseria que me sairia antes.

Vejo meu cachorro estacionado nas escadas.

Gosto de cachorros pois você pode perguntar algo e imaginar a resposta. Daí você olha nos olhos do animal e sempre pensa que ele gosta muito de você, sempre concorda com tudo, sempre atento, sempre pulando por aí. Espécie de sobrevivência. A dependência leva a loucuras. Acredito. De fato, ele gosta muito de você. E não duvide senão ele te morde. Mas as pessoas também mordem.

Ter animais de estimação é saudável.

Acho que gosto de cursores e de penumbra em meu quarto, alguma coisa já corrente no sangue. Desconheço toxinas, desconsiderando a cafeína. Na verdade, não sei o que ela seria. Bem, de vez em quando gostaria de possuir um pensamento linear. Mas eu me viro com este aqui.

8 de jul. de 2011

Intertexto

Esta invenção, um tanto conhecida, consiste em um ritual pré-pensado. Visa reconhecimento próprio, espécie de provação exacerbada de alguma relação ou coisa.

De fato necessária, pedida e louvada pelo usuário. Reconfirmação da personalidade, pessoa, o olhar diário no espelho. A água corrente que sempre contempla caminhos livres, fluir sem impedimentos.

Mas tinha uma pedra no meio do caminho. Já haviam avisado, cantado e recitado.

Água mole, pedra dura. Fez-se o machucado que nunca mais sarou. 

No meio do caminho tinha uma pedra, ignorada, imóvel, calada. Simpática e dolorida.

6 de jul. de 2011

Um tempo fenomenal

O vento poderia ser mais frio e a ansiedade mais intensa, nenhuma diferença. O que ele sabia era que haveria de esperar, o resto era incerteza.

Os ponteiros já andaram meia volta, talvez uma completa, despercebida. De fato, já se encontravam perdidos em um círculo de números simetricamente separados e envolvidos em vidro, vulgo relógio.

Relógio ao lixo, pois de ansiedade o alimentava. Perdido como os ponteiros. Assim, o artefato foi descartado.

Encontrado em meio aos entulhos, acolhido em um pulso. Arranhado mas funcional, um relógio fenomenal. Fenomenal em criar ânsia.

3 de jul. de 2011

Estupidez

Não diria ser estúpido comparar vidas agitadas à vidas tediosas. Pois, na maioria das vezes, assim é escolhido pelos sujeitos. Por tanto julgar opções trata-se de equívoco, já que são escolhas de livre vontade e apreciadas pelos usuários.

Escolhas às vezes são atribuídas ao campo da inclusão. Daí contempla-se estupidez, bem camuflada e mortal. Aquela que esgota a mente e simula o prazer.

Vidas infelizes, vidas perdidas, vidas que não sabem que estão perdidas. Apenas consequências. Estupidez, bem camuflada e mortal.

Escolhas há de serem livres. E seus caminhos nos guiam à inclusões espontâneas e preenchedoras.  

2 de jul. de 2011

Ato de pensar

Melhor que dias eufóricos é a noite calma que cobre o céu neste momento. A expectativa não mais perturba, pois está relegada a um plano mais sóbrio da consciência. 

Trata-se de uma segurança psicológica, acrescida de uma leve frustração, imperceptível. Assim está certo personagem, totalmente entregue ao seu verdadeiro estado. E o mais importante, consciente disso.

Consiste em uma experiência incomum, não nova e sim rara. Algo que deve ser usufruído até a exaustão, aproveitado e não confinado ao relento do esquecimento.

Eram breves palavras que lhe ocupava. Agora já se consolidam frases, tão sólidas quanto sua consciência.

25 de jun. de 2011

24 de jun. de 2011

Fall out

Paz consistiria na fuga dos problemas imediatos. Pessoas são mártires de seus próprios problemas e, por isso, fugir deles significaria contemplar uma aparente tranquilidade.

Mas paz traz consigo a ira dos próprios problemas e responsabilidades. Portanto, também encontramos o caos onde pensamos usufruir de serenidade. Tal perseguição acentuada pelo caráter veloz da modernidade.

Imaginei a vida como uma criança, que luta pelo que quer sem pensar nas consequências. E sempre cai nelas. Assim concluí que o é, pois ultimamente certos eventos mais prejudicam do que satisfazem certas pessoas; mesmo escolhendo os caminhos certos, multiplicados dez vezes.

23 de jun. de 2011

Fall in

Estas construções diárias dos eventos tornam-se cada vez mais intrigantes e cheias de perguntas. Não responderia nem ao menos uma, pelo simples fato de não saber a resposta. Entretanto, maquinaria em silêncio algumas verdades, coisas secretas inerentes à minha mente.

Bateu por aqui uma senhora honrada. Mais problemática que honrada, na verdade. Recusei sua entrada com veemência, mas ela sempre teima em retornar durante inesperadas horas. Às vezes frequentemente, outras vezes esporadicamente, sempre sorrindo. Certo dia não bateu mais, simplesmente ficou olhando pela janela, do lado de fora. Eu olhei pra ela, ela olhou pra mim. E assim foi.

Não tenho cortinas em meu quarto. Ainda hei de comprá-las. Então, por vez, é melhor ficar longe da janela. Espiã, agora a chamo e não sei seus planos. Apedrejado, vaiado e talvez debochado. De fato, preciso de cortinas. Prefiro persianas.

16 de jun. de 2011

13 de jun. de 2011

Nota do dia IX

Certas pessoas imerecem atenção. Imerecer de não merecer, ser indigno e de não estar no direito. Um grande conceito para tão pobre reconhecimento.

12 de jun. de 2011

Os incomuns

Todos estes eventos sociais reservam desastres e surpresas louváveis. Nestes ambientes, pessoas costumam revelar certos aspectos dormentes em suas personalidades diárias, uma espécie de descompromisso com os arredores em questão. E não me importam aspectos agradáveis, pois, sendo de bom estímulo, bem vindos serão. 

Preocupo-me com os eventos negativamente estranhos ao olhos da maioria. Engraçados no primeiro momento e desastrosos ao final. São esses cruelmente explorados pelas bocas alheias. Assim, apesar do caráter cruel, bem vindos se apresentam tais fatos aos ouvidos da multidão. Pois não é novidade a preferência do bicho homem pelo extraordinário e atitudes deliberadamente esquisitas. Os chamados eventos fora do comum.

10 de jun. de 2011

Nota do dia VIII

Não mais me surpreendo com algumas caras feias que rondam este mundo, pois enfrentamos certas dores persistentes e incuráveis.

8 de jun. de 2011

Etiquetas

- Você aceita?
- Aceito.
- Por quê?
- Pois eu quero.
- Mas você deveria dizer não, como as outras pessoas dizem.
- Por quê?
- Pois é assim que se faz. É educado responder não, assim como é oferecer qualquer coisa. Ambos quites.
- Deixa de papo e me passa este chocolate...

6 de jun. de 2011

Outra teoria totalmente esdrúxula

Epifania é um termo, há tempos usado e explicado por um amigo meu, o qual finalmente poderá ser mencionado. Mas refiro-me a algo ausente de todas estas epifanias mundanas, pois a presente deverá ser vista como estritamente local ou pessoal, para os que assim desejarem.

Pessoas nivelam suas conversas ao telefone a certa dramaturgia. É a busca por certas necessidades. Digo pois também o faço, e sei como funciona. Eis que uma moça, ao telefone com o amado, sorri ao amigo que ali passa. É uma conversa a longa distância premiada, um troféu da atenção de alguém muito querido, ou supostamente assim entendido. Diz que sorri para o namorado, somente. Espécie de exibição para si mesma. 

As pessoas precisam de fatos em que acreditar.

Entendo um suposto, quase provável, sufocamento de certos sentimentos. Um olhar entre os dois amigos, o namorado dela ao celular, um sorriso mágico de satisfação. Eis a fórmula.

Mas imaginemos que, por acaso, o amigo tenha como hobbie capturar a imagem das pessoas. Com sua parafernália, vai aos eventos e registra todo aquele aglomerado de corpos. Então, ali estão indivíduos do sexo oposto, mulheres jovens e bonitas de preferência. Foto. E podê fazê-la, pois está autorizado. Paraíso para análise de formas femininas e outras coisas menos significantes que a primeira. O melhor consiste em reparar nos olhares das moças, ora em direção a ele, ora em direção a outra coisa. Ele prefere acreditar que o centro das atenções não é o equipamento hi-tec.

As pessoas precisam de fatos em que possam acreditar.

Consiste em uma espécie de vingança, de ambos lados, inconscientemente ativa. Uma mais esdrúxula, outra às escuras. Sempre sem querer. Saberiam acerca do outro rumo que suas vidas poderiam ter tomado? Pouco duvidoso.

Mas, de fato, agora vejo e acredito que epifania seria uma palavra um pouco forte. Talvez tudo isso seja óbvio demais, por isso às vezes renegado a um segundo plano mental e nunca percebido. 

4 de jun. de 2011

Criança, um futuro

Seus movimentos lentos ao acordar não refletem seu futuro conturbado. Estes adoráveis e inseparáveis chinelos serão trocados por saltos. Sorte tua se fores alta, pois quanto menos cresceres maior será o fardo para teus pés. Clamarás os chinelos quando não poderás usá-los, assim como fazem as moças de hoje em dia. 

Esta bolsinha de brinquedos, substituída por uma de utilidades para o negócio. Celulares, agendas e coisas femininas inúteis para mim. E estes olhos, um olhar de terror ao desconhecido, uma simples penumbra da noite, trocado por uma visão destemida do futuro, uma claridade artificialmente forçada.

Entregando seus brinquedos a cada adulto por ali, um presente por eles lhe prestarem atenção incondicional e mais que especial, no vocabulário deles. Esperta para reconhecer e mais ainda para retribuir. Na verdade, eles deixam escapar a inveja por você ser o que é.

Faço uma proposta. Que tal comer no chão ou sobre seus brinquedos? Ainda pode e poderá, escondida ou por descuido de seus responsáveis.

Ainda pode ou poderá, enquanto todos esses anos não passam. Acordar em prontidão, calçar seus saltos e preparar a bolsa, ou talvez simplesmente deixá-la acumular de papéis, como muitas senhoritas já o fazem a décadas. Coisas que reservamos para o seu futuro.

2 de jun. de 2011

Nota VII, acerca dos eventos recentes

Dentre as coisas mais estranhas, encontra-se desafiar o óbvio. É indiscutível que comer demais engorda, assim como é  mais que provável o fato da chuvar cair e não subir.

Mais que mais provável é que sua companheira é a última a sair do banheiro, considerando que os dois entraram juntos, cada qual em seu local correspondente. Mais óbivio, que chega a ser estúpido, o fato de que ingerir um litro de líquido durante certo filme de três horas irá lhe enviar ao banheiro antes dos cento e vinte minutos.

O óbvio, que chega a ser louvável, é que várias pessoas te odeiam. Felizmente, não podem se livrar de ti sem certas complicações; elas, ironicamente conquistadas e que servem para não sei o que. Por isso louvável, mas não excludente a perpétua insegurança. Todos a favor da democracia, sorrisos forçados, algumas bombas para controlar a massa, políticos ausentes, estudantes nas ruas... e mais algumas bombas.  Óbvio.

30 de mai. de 2011

Nota do dia VI

Impera desinteresse em todas direções do ambiente. Vence apenas o clima mais carinhoso e ignorante ao caos. "Uma tweet para você , veja!", disse ele. "Ah, é muito bonitinho!", respondeu ela.

26 de mai. de 2011

A trilha

Encontramos conhecidos em um beco sem saída. Face a face com tijolos empilhadas, vermelhos, cimentados um sobre o outro. Deparamos com a situação, pavorosa, desembestada, bufando em nossas costas. Sua respiração acelerada, úmida e morna.

Concluímos que uma meia volta é necessária. Desagradável, pórem essencial. Na verdade, coragem não falta, apenas os gatilhos certos deveriam ser acionados. Entretanto, eles estão enferrujados há tempos.

Uma comodidade que vem do passado, em que tudo era mais agradável e menos radical. Aqueles antigos conceitos, agora inocentes, estão em cheque. A criatura respira rápido, deseja e inspira atenção. Para hoje dormir, devemos saciá-la.        

23 de mai. de 2011

Nota do dia V

Não se trata do que poderia ser e sim do que é. Pois o que acontece origina o seguinte e o que não é concreto aguarda o passado.

20 de mai. de 2011

Nota do dia IV

Esta água, proveniente do céu, desperta rituais entre os cidadãos. Primeiro ruídos altos, nada rítmicos, de buzinas automotivas. Parece que alguém, de propósito, está obstruindo a passagem. Mentira! Todos querem chegar em casa. Mentira? Quem sabe uma espécie de atitude para matar o estresse, o apertar da buzina freneticamente? "Matar estresse a grito".

Outro ritual consiste em banhar o carro numa avenida alagada, que venham lama e veículos no prego. Nesse teste todos passam, obvio. E, claro, ninguém fica feliz por isso.

Por último, talvez uma ducha ao sair do veículo. Guarda-chuva para quem lembrou, saco na cabeça para aqueles que improvisam,  roupas molhadas para os que não encontram opções ou não ligam. 

17 de mai. de 2011

Nota do dia III

Bonita? A lua sempre esteve linda, é que você nunca havia notado. Hoje seu espírito está elevado a uma instância mais sensível, em que a luz incidente é incômoda, porém, antes disso, sedutora. Tal estado propiciado por acontecimentos recentes, dos quais se há receio em se lembrar. Consequência de circunstâncias questionáveis.

13 de mai. de 2011

Excepcional de todos os dias

Um dia excepcional, diria, por todo o trajeto estreito e tortuoso que os fatos escolheram. Situações inesperadas, intensificadas por boa ou má companhia; ora desagradáveis, ora agradáveis demais.

Excepcional no sentido mais profundo, de onde provém a semente do acontecimento. Um pouco de água, numa terra não muito apropriada, com algum carinho "descompromissado", e pronto: nasce eu, você, o dia de hoje.

Um bom ou mal desenrolar dos fatos em vinte e quatro horas. Mas o fato, por hora sempre esquecido, mais importante que o próprio fato presente, é que o jardineiro, aquele que controla, somos nós. Portanto, uma falha, de maneira simplória, é mais culpa sua, nossa, dele(la), de que dos outros.

11 de mai. de 2011

O resto, é resto

Roupas largas cobrindo as curvas do corpo, boné na cabeça camuflando o cabelo e uma fina camada de óleo vegetal sobre toda pele, talvez entendida como um hidratante a base de gordura. Um sorriso desgastado de tanto usar, ou sorriso algum por fadiga. Algumas com uma magreza triste, por ora batizadas como moças do "fast food"; não moças no sentido feminino, mas de mulher como foram concebidas e por fora dali, assim se entende. Neste trabalho, requer-se de sobra a eficiência. O resto é resto.

6 de mai. de 2011

Nota do dia II

Acabou o sentimento de troca e responsabilidade, denominado amor nas relações. Hoje a maré é de paixões, paixões diárias; raras as que capengam por anos. Culparia a "liquidez da modernidade", como eu ouvira outro dia, ou a monotonia do mundo e das suas relações. Mas o fato que é fato seria o seguinte: amor é investimento, volátil como dinheiro nas bolsas de valores. Grande investimento, para a alegria de quem obtém sucesso.

26 de abr. de 2011

Nota do dia

A chuva, ao cair, representa surpresa para alguns e inconveniência para outros. Pessoalmente, é entendida como um dia atípico, gostoso pelo simples fato de ser o não esperado, mas desejado. Assim o é, pois estes dias quentes são de matar.

25 de abr. de 2011

O mesmo tema, com a fonte

Li em um livro pouco conhecido, de um autor fantástico, algo relacionado à condição humana. Certo conto sobre um rapaz que desejou muito uma mulher, idealizando-a ao ápice do perfeito. Quando a possuiu e extravasou sua obsessão, simplesmente desmoronou. Na primeira febre de sua amada, ele pode tatear os defeitos. Era horrível o hálito podre, febril... A pele da moça não mais brilhava como antes...

A idealização perfeita, uma brincadeira da natureza? Afinal, após todo o romantismo, durante o ato corpo a corpo, somos mais animais do que amorosamente racionais? Reprodução.

Deixando de lado o assunto amoroso e retomando o início deste texto, recomendo contos de Guy de Maupassant.

22 de abr. de 2011

Comum é amar

Um velho sábio, que experimentara todo tipo de coisa na vida, chegara na cidade causando grande estardalhaço. Requisitava uma grande reunião com jovens, solteiros, apaixonados, recém casados e outros indivíduos de ocupação e estado de espírito diversos.

Toda a cidade se reuniu na praça. "Vou dizer um segredo", iniciou. "Amar é muito para vocês...", continuou. Seguiu-se uma história fantástica, de como um suposto Deus iludira seus servos com algo denominado "amor", uma força para sustentar a servidão e a reprodução entre os indivíduos. "Isso que vocês acham belo ou lutam para manter, nada mais é que a própria dominação", esbravejou de maneira confiante.

A partir daí, inventou-se o ateu, a guerra e o divórcio.

18 de abr. de 2011

Artesão de Mundos

O mesmo que lhe oferece conforte poderá ferir. Desde pessoas gentis que lhe farão mal quando conveniente, até objetos inanimados; um ventilador de teto que se desprende e fere pessoas distraídas em suas vidas. Movimentos circulares no ar, infinitas voltas, danos provavelmente irreparáveis e ciclos recomeçando e recomeçando.

A vida. Entendida como uma troca envolvendo dois lados, o que é conveniente e o que desprezado. No mundo, a conveniência é sublime e finita. Nada é bom por muito tempo, alguém diria. Talvez acabe de maneira errada ou já assim começa, ou quem sabe a cobrança por bem feitorias virá em dobro, triplo, tudo.

De fato, de santo o mundo nada tem.

13 de abr. de 2011

Dentre as possibilidades, uma certa

Qual o motivo desta cara feia?
"É a dor do trabalho".
Trabalho? Mas você não está em casa?
"Sim, mas é uma dor crônica".
Sua esposa não cura?
"Não, nada cura".
Remédio?
"Não".
Médico?
"Não. É uma dor crônica, castigo divino."
Então, talvez o padre cura?
"O padre manda trabalhar".
Abandonar o emprego, talvez?
"Ah! Preciso sobreviver."
Então sobrou ganhar na loteria...
"Definitivamente, essa é a solução mais viável".

7 de abr. de 2011

Moderna vitrine

Passa na rua, em uma escuridão noturna, certo ônibus refrigerado. As pessoas se sacudindo junto ao veículo, um vai e vem de corpos e partes metálicas. Avista-se algum revestimento de vidros embaçados, com gotículas de águas visíveis e sombras fundidas. Lembra um açougue, com suas peças de carnes geladas ao balanço de um recente manuseio do açougueiro.

É o chamado turno noturno. As peças deixam o veículo, dirigem-se aos seus destinos. A casa do chefe, de onde  se adquire sustento. Ali, todas são devoradas.

4 de abr. de 2011

Ritos rápidos II

Duvido de toda esta didática empregada. Observo cada um mergulhado em seu próprio pensamento, em um ato egoísta. A partilha vem de poucos, e a discórdia de todos. Enquanto isso, sobra a mim relatar.

31 de mar. de 2011

Ritos rápidos I

Relevar a uma singela tranquilidade tal afeição é fato. Seu olhar assim o é. Como uma manhã nublada, nem quente como um dia ensolarado ou negra como a noite se revela. Simplesmente nublada, serena. Arriscaria dizer misteriosa.

28 de mar. de 2011

Sorria, você não está sendo filmado

Ao lado, no banco de qualquer lugar, havia uma garota. Cabisbaixa, algo como que chateada, mãos atadas à bolsa, a qual contraía contra ao peito. "Ei, quem é você, porque está assim?". "O dia poderia ser pior", diria. Pois, explicaria, "o mau tenderia ao infinito, assim como uma teoria matemática financiada por áreas quadradas".

E como a tal matemática que não compreendo e com a qual não lembro de compartilhar facilidades, a feição cabisbaixa da moça continuava misteriosa. "Apenas aceite minha singela teoria". Diria mais, "pegue sua bolsa e vá tomar um sorvete". Eu até pagaria, sem compromisso ou intenção alguma. "Esfriar a cabeça", completaria.

Supondo um convite aceito e um rápido lanche, despediria-me dela com um sorriso meio forçado. Não sou pesquisador ou cientista, na verdade. "Mas, de fato, todas essas mazelas tendem ao infinito". Seu dia foi ótimo, sorria.

23 de mar. de 2011

O além e o agora

Essa gente encoberta por guarda-chuvas, andando na chuva, penando em pensar sobre a vida. Qual seria a combinação perfeita para o próximo dia, as possibilidades presentes em seus guarda-roupas e outras coisas tão mais importantes. Capa de chuva e galocha, talvez.

17 de mar. de 2011

Natália

Sinal vermelho, o qual se apresenta como oportunidade para uma profunda respirada. Esquecemos do trânsito por mínimos segundos e olhamos para si mesmos.

Ao lado de Natália seu colega de trabalho, ao qual de vez em quando uma carona oferecia. Sinal vermelho, e ela sentiu um específico desconforto naquele dia.

Um sensação familiar, parecida tal qual uma que sentira a pouco tempo por alguém. "Não pode", pensou. "Não poderia", cismou. Então, brilhantemente, através da inquestionável sagacidade feminina, achou a salvação. Simularia algo com tamanha teatralidade que enganaria a si mesma.

Sinal verde. Infringindo as leis de trânsito e outras leis que regem a vida, sacou o celular da bolsa e discou para o número denominado "Toni", também conhecido como presente namorado. Conversou melosamente com o indivíduo, dizendo um "te amo" e um "também" ("estou com saudades", provável complemento) com inabalável veracidade.

A partir daí, Natália ficou tranquila.

10 de mar. de 2011

Na avenida, nós e a chuva

O carnaval não fora como o esperado, haja vista que a chuva que só deu trégua na quarta-feira. Para os que curtiram o feriado no lar, a água caiu do céu sem maiores problemas. Mas para os senhores e senhoras que aproveitaram as festividades ao ar livre, o obvio é que eu não posso responder por vocês.

Para aqueles que ficaram no silêncio de suas casas, sem a TV ligada no desfile multicolorido, pensando, arrisco dizer que a mente não parou. Aquela nostalgia de rotina, que hora se arrepende do que não fez e planeja aquilo que poderia ser feito de melhor. Denominada insônia que nos puxa até a madrugada para fora de nossas camas.

Os livros são trocados pelos pensamentos. E aquela TV com suas cores vibrantes e seus desfiles, hipnótica, está desligada. A época de ver tais alegorias já se foi.

A opinião se ainda não é clara, brota entre as letras. Prefiro o silêncio e uma mente fervilhando de teorias a senhores e senhoras em seus desfiles. Cada um com sua mania.

2 de mar. de 2011

Na rua, educação

Durante a tarde de um dia útil, professores cercam a prefeitura a pedido de seus reajustes salariais e outros benefícios negados. “Educação na rua, João a culpa é sua!”, eis o lema da empreitada.

Um senhor de voz rouca discursava os débitos da prefeitura e a platéia apoiava com assovios e apitos. “Desculpem minha voz, mas hoje pela manhã também havia muito de vocês por aqui, lutando pela mesma causa”, alegava o orador.

Tempos depois, após um discurso que trouxe para fora os rancores na alma, é hora de obstruir a rua. “Peço a vocês que fechemos esta avenida em protesto, deixando apenas uma via aberta para a circulação de ambulâncias e ônibus”. E eu do outro lado da rua já lamentava.

Manifestantes carregando a faixa pela avenida. “João a culpa é sua”, dizia. Trânsito lento, engarrafamento iminente. “Certo, é um direito de vocês”, pensei. Porém, ficar por ali significava não sair dali.

Uma caminhada debaixo do sol quente em direção à Avenida Vitória, sem manifestantes, desobstruída. “Oh, eles estão no direito deles”. Um refrigerante para esfriar a cabeça; e a caminhada nem fora tão longa. Após, eu em casa cismando, “apesar, é direito deles”.

16 de fev. de 2011

A cova do coveiro

Maldade nos faz parte como nossa carne semeada de sangue. Lares construídos em ambição, levados pela maldade de possuir as coisas. Prédios lotados de ambiciosos, maldosos por natureza.

Toda ambição desprovida de maldade é filantropia, supostamente a que enriquece a alma. Mas nem de toda bondade vive o homem, aquele que come e também bebe. Reside em nós o mal de barganhar a força de trabalho, explorar, deixar ser explorado. A ambição que consome o homem.

A evolução requer despedaçar o próprio corpo, substituído por resquícios de satisfação. Todos colados na alma.


4 de fev. de 2011

O grande alvo

Prezados clientes, em cinco minutos estaremos encerrando as atividades do dia. Assim foi anunciado no estabelecimento, através de uma voz feminina extremamente pausada. Como se estivesse narrando um velório, um som extremamente cadavérico e desagradável. Vão embora, seria uma mensagem mais objetiva.

Chamo isso de ato de expulsar.

A música ambiente sumiu. Vão embora, sem mais moleza durante as compras. Rápido, dirija-se ao caixa mais próximo. Caixas cansadas, poucas ainda preservam seus sorrisos forçados. Mais aí vem surpresa. “Boa noite, senhor”, disse o embladador ao cliente. “Boa noite Sônia”, disse à moça da caixa. Finalmente alguém de bom humor.

Chamo isso de quebrar o clima pesado.

Alguns risos e ele completa: “meu turno começa agora”. Outros risos acompanhados de meus risos.

Chamo isso de “te peguei”.

24 de jan. de 2011

O grande salto

A probabilidade de uma pedra cair no mesmo lugar, seguindo a mesma trajetória, fragmentando-se da mesma maneira e fazendo exatamente o mesmo ruido é baixa. Para alcançar o que deseja, escolha o outro caminho. O mais insano, o mais criticado.

Papai Noel não é o mesmo simplesmente por que se joga das chaminés em queda livre. Então, você não o será se fizer o mesmo. As pessoas vivem se jogando nas lareiras de mansões, e no fim do expediente encontram dor em seus corpos. Nada alcançaram além da idéia obvia: não são o bom Noel.

18 de jan. de 2011

Gananciosos, Vampiros

Fúnebres partes encobertas de mato, velhas tumbas saqueadas, sem mais metais incrustados. Supostas gárgulas vigilantes no topo dos mausoléus e alguma terra úmida do último cadáver a ser enterrado.

Caminhando entre cruzes coloridas, pontilhadas de lama seca e negra. Ossos de um cadáver revirado, uma cova arrombada. Seus pertences extraviados.

Por aqui, morrer em paz é um mito.

14 de jan. de 2011

Contos...

Viu nos olhos a mentira que circundara todos os últimos minutos. Havia maquinado a vingança em exatamente dez segundos. Dois para puxar a arma, cinco para proferir algo de impacto, três para disparar e olhar o corpo tocar o chão.

Olhar o corpo tocar o chão não era opção, consistia na parte mais excitante para ele. E a gravidade impede outra situação.

Lâmina não deixa rastros para exames de balística, mas seu manuseio descuidado resultaria em uma bagunça desenfreada baseada em respingos de sangue. Nada de usar os punhos. Seria uma luta em desvantagem, em que o alvo seria mais habilidoso no corpo a corpo. Escolhera a arma de fogo e efetuara o trabalho sem o risco de expor-se ao inimigo. 

10 segundos.

O corpo tocou o chão. Um silvo de respiração. Apreciava a pólvora e o momento. 

Sirenes são estúpidas, alertam da chegada dos problemas. Entretanto, assim é para que todos saiam da frente. E espantam os alvos também.

A janela está aberta, a brisa refresca o sangue pouco morno. Os técnicos examinam o corpo, e o autor do incidente já reside longe.

13 de jan. de 2011

Teorema

Cartas,
entregues
Caravelas,
ao vento
Léguas,
atrás

Uma cerimônia, um sim e o silêncio
resta a dúvida.

8 de jan. de 2011

O brilho dos fortes, Desvirtuosos

Prevejo um futuro brilhante para cara ser humano, trilhado por ações totalmente conscientes que acobertam as inconscientes. Um destaque para ações bárbaras, que se apropriam das terras onde residem atitudes nobres.

Os nobres, que acalentam pobres e certos desgarrados do bom caminho, tentam bloquear esse brilho. Munidos de espadas já enferrujadas, forjadas em bronze sobre um juramento de harmonia para com o outro, ainda estudam e testam possibilidades de salvar o restante da humanidade. 

Mas o brilho de cada um nunca poderá ser efetivamente neutralizado. A única certeza consiste em que não se poderá voltar atrás, seja em uma ação boa ou ruim.


7 de jan. de 2011

2011

Após o dia primeiro de janeiro, iluminado por cores em seu céu negro e parcialmente nublado, os dias passam leves, fluindo após o pesado jantar da entrada do ano. Mencionando força peso, lotado de pesares está o tempo, há tempos, que não decide entre sol e chuva. Pesa água na terra ensopada, às vezes aquecida por um sol tímido. 

Quanto ao mau tempo, não me importo. Não gosto de ir à praia. Entretenimento, na cozinha divirto os dedos na panela de brigadeiro. E outra coisa: hoje durante a madrugada vai chover.

Singelo amém. Agora venha o primeiro dia primeiro, o primogênito leve. Dias que desabam em águas tortuosas, primeiramente rápidas, astutas. E o ano vai acabar novamente, como haverá e haveria de ser.