11 de ago. de 2010

Rude (1)

(1) José não vem hoje?
(2) Não. A avó dele está doente. Deve estar no hospital uma hora dessas.
(1) Sério? Este final de semana fui ao velório de um parente meu.
(2) Seu senso de que tudo vai dá certo é incrível.
(1) Sou um pouco trágico.
(2) E falando em tragédias, nossa! Como você está amarelo!
(1) Mesmo? Nem percebi...
(2) Já estive assim. Era hemorragia interna e eu nem sabia.
(1) Credo. E quando José volta?
(2) Não sei. Deveria saber?
(1) Não, se não lhe interessasse.
(2) E lhe interessa?
(1) Não.
(2) Se perguntas, é porque lhe interessa.
(1) Pode ser.
(2) Eu tenho certeza.
(1) Azar.
(2) Azar o seu!
(1) (...)
(2) Deves ir ao médico, você está demasiadamente amarelo.
(1) Minha vida, oras.
(2) Creio que lhe interesse viver.
(1) Bah, adeus!
(2) Até.

10 de ago. de 2010

A arte de fazer uma orelha

Não consigo absorver livro algum na tela de um computador. De fato é um meio barato, mas não me fascina. É Impossível absorver a totalidade de sua construção e de suas idéias. Ler eu leio (como todo letrado faria), facilmente, mas parece que nada agrega.

Com um livro em mãos é diferente. As idéias são absorvidas e as palavras se desmancham, revelando a minuciosidade da construção do autor. A mão esquerda brinca com as orelhas das folhas, remechendo constantemente as páginas do livro; parece ser um ritual de aprendizagem. Já no computador, vejo minhas mãos mortas, assim como minha atenção para com o texto: morta.

Revelo que nunca vou apreciar adequadamente o texto de um blog, só mesmo após uma versão impressa em tinta preta na folha branquíssima. Portanto, sou horrível para opinar sobre texto de blogs. E os meus... Oh! Quem dera eu pudesse distribuir livros com textos meus (e outras pessoas também querem compartilhar seus devidos textos). Pois é, a possibilidade está neste meio digital. Então toda essa bárbara situação é devida à falta de recursos. Quem diria...

Falando em livros, lembro que pessoas adoram adquirir informação. E, é claro, toda informação é válida, em qualquer lugar e em qualquer situação. E, referindo-se à leitura, creio que eu seja uma espécie de leitor retardado. Digo retardado pois leio vagarosamente, em comparação com outras pessoas. Tenho mania de achar algumas frases incríveis e desmanchar todas as palavras, aprendendo a técnica do autor (talvez tente aprender em vão). Ah! Sim! Isso é uma verdadeira leitura para mim. Ser retardado, nesta situação, é proveitoso. Seria?

Sim, livros são melhores que a fixa e "imaleável" tela do computador. E minhas idéias só trabalham nos livros, só rendem, aparecem, residem por alí, e ,de vez em quando, algumas delas aparecem na tela de um computador. Oh!.... 

Por fim, saia do computador e vá ler um livro. Creio que será mais prazeroso. E, é claro, daqui há uma semana volte por aqui, com receio de que não será tão prazeroso assim.