2 de nov. de 2011

Finados

Durante toda tarde, o vento uivou incessantemente por algum orifício da janela, além de uma cor densa e azul que se avistava pelas persianas. O frio tomou conta das extremidades do corpo e as cobertas foram amigáveis.

Típico dia de finados, pouco convidativo para uma boa caminhada lá fora. Entretanto, o ar de dentro das residências ficou impregnado de uma pureza convidativa a uma voltinha em meio ao relento. Ar úmido com cheiro de água. Parecia até nevar por algum instante, mas a localização geográfica quebrou a incerteza. Apenas um dia estranho, o dia para os mortos.

Então morri em minha cama por algumas horas, livrando-me daquela canseira acumulada durante a semana, a que aproxima nossos reflexos aos de um cadáver. Então, hoje, foi dada a chanse dos mortos descancarem, aqueles cadáveres que não estão enterrados e andam por aí. Feriado nacional.

Aliás, observei por aí algumas lamentações. A tentativa de justificar algo tentando encontrar uma suposta beleza a qualquer custo. Grande lamentação. Foi o ato mais tosco que vi durante a semana, pois a tentativa pareceu tão evidente que tornou-se ridícula. Um comentário desnecessário, este meu e o citado da pessoa.

Entretanto hoje fora dia de lamentar. Por tanto, relevei um pouco minha surpresa. Lamentar pelos falecidos queridos e os problemas mundanos. Deitar, tentar dormir, acordar atolado de lamentações. Por isso, hoje, escolhi ficar indiferente a tudo e meu sono fora ótimo. Minto, ao fato citado agora a pouco foi impossível ficar indiferente. Apenas imaginei que fora uma situação irrelevante.

30 de out. de 2011

Exorcismo

Esta é a ânsia frenética entre uma vida comum e uma além disso. Por isso todas estas reclamações e indagações infundadas, noites mal dormidas e pensamentos inconclusivos. Somam-se objetivos fora de alcance e situações não solúveis.

Também declarações pessimistas, tal como essa. Entende-se uma pessoa que escreve por concordar, e outras que leem e entendem por vivenciarem. Supõe-se que entendem e não se pode afirmar que concordam.

Então, às vezes, deito no chão com algumas almofadas. Apoio minha cabeça nelas e abro o laptop em direção a varanda, tentando escrever situações mais harmoniosas. A cama, no canto escuro, é carregada de lembranças ruins.

O tempo está chuvoso e consideravelmente frio, a brisa da enseada refresca a face cansada e o som dos carros passando em pista molhada é evidente. E, ao longe, crianças gritando alguma coisa que parece ser bonita. Escrevo pois, assim, coisas fúteis e não pessimistas. Confesso que gosto muito mais das fúteis, pois ao menos  refletem tranquilidade e descompromisso.