26 de mai. de 2012

Adoramos presentes, e odiamos o passado

Primeira impressão

O vermelho na lona reflete, de certa forma, no verde da árvore. Deveriam ser da mesma cor, os dois. Ainda, de um verdinho clarinho. Não são impressões ou realidades, trata-se de resquícios.


A galinha


O mais inocente nisso tudo é a galinha, que, assustada, corre sem saber ao certo o porquê. Alguns alimentariam todas elas, ficariam empanzinadas e morreriam agonizantes. Uns dariam atenção à barbárie, outros não.

O silêncio é necessário


Torna-se muito mecânico com o tempo, e nem se pode ouvir fonemas ou palavreados com coerência. Mais adequado seria outro ritmo. De fato, não é uma autocracia. Então, lá atrás de toda a multidão, contempla-se o silêncio, sempre agradável e pouco complicado.


Segunda impressão

Deveria fazer aula de teatro, mas ainda se cultua a espontaneidade sincera. Ignorar é ignorar, e não destrói nada.

Esdruxulez e promiscuidade, visados

Hoje são todas bonitos e bonitas, poderosos e poderosas, potencialmente super-heróis. Piruetas que atravessam o terreno rochoso, e mergulhos que separam mares. Outra parte é de invejosos, mas nem por isso infelizes por não fazer o mesmo.

Última impressão

Nem tão mal e nem tão ruim, um pouco de muito silêncio, a visão das galinhas e o balanço das árvores em contraste com o da lona vermelha. Passa um passarinho e deixa um embrulho. É o devorador de ânimo. Acho que não merecia tão pouco. Adeus.

22 de mai. de 2012

A chuva, a cidade submersa e um banho do carro

Este casaco é tão estiloso e cumpre muito bem sua função, até demais. Transmite certo caráter fechado e negro, aliás, engana muito bem. Ainda quero muito dormir com a varanda aberta, contemplando a cor escura da peça, enfim, já está sempre tudo escuro. Apenas finjo que posso ver coisas que se confundem com a penumbra.

Novamente, e quase que sempre, fecharam a varanda. Nem sempre se pode trancar certas coisas, ou mantê-las abertas. Um noite quente de novo, assim não sendo, no mínimo, transpirei um pouco.

Fazer as coias com o suor do próprio trabalho, bem como conquistar e zelar pelas coisas. Comprar, amar e usar. Além de tudo isso, não se pode correr atrás para sempre.

Um bom banho para lavar o cabelo, pegajoso com suor do travesseiro (de dias). Prefiro ir ali fora caminhar na chuva. É fresco e úmido. De verdade úmido, sem quebra-cabeças ou labirintos. No máximo, morrer de frio.

Hoje vou dormir ao relento, o som da chuva de background. Quem precisa de outra coisa, quando se tem tudo isso. São muitas gotas de chuvas, hoje, todas suas e minhas.