Estava ele caminhando em silêncio pelas avenidas escuras em uma belíssima noite. Percebeu as roupas que usava, algo aborígine feita de penas e couro. Odiou. Definitivamente não tinha estilo algum para ele, era horrendo e de mau gosto. É, bom gosto não é hereditário - pensou. Olhou em volta e avistou o que queria encontrar: uma loja de roupas. Nunca tinha assaltado lugar algum, roubado, talvez matar fosse pior. Então pensou que não haveria problema algum, demonstrando um sorriso maquiavélico enquanto refletia sobre o assunto.
Chegou perto do estabelecimento. Era uma loja de luxo, com uma fachada belíssima e uma porta em madeira nobre. A vidraça era reforçada e tinha alarme em toda parte. John olhou e pensou. Pensou durante alguns minutos e resolver olhar nos fundos. Sim! Havia uma porta! Trancada, mas sem alarmes e frágil. Foi preciso apenas um golpe de pouca força e ele estava dentro do estabelecimento. Andava desviando dos sensores de movimento até chegar no primeiro e principal objetivo: a central de alarmes. Mecheu na caixa escura como se fosse uma criança brincando de ladrão. Desarmou o sistema, nem ele sabia como.
Passou horas esperimentando os trajes. Paletós, camisas sociais, camisetas, calças diversas. Desenvolveu um modelo de seu gosto. Com um paletó preto sem mangas, rasgadas à força, e uma calça negra listrada de branco, ele saiu da loja. Usava um sapato branco e um relógio grande e dourado. Meias vermelhas e cordão de prata de pequena bitola. Óculos escuros de armação preta e lentes castanhas.
...
- Ei! Onde a boneca vai? - disse um sujeito estranho que apareceu entre as sombras. Logo as redondezas se encheram de homens escondidos entre as trevas da noites, com olhos de intenção maldosa. John sorriu e respondeu:
- Quer um pedaço? Venha pegar! És homem para bater em bonecas? Talvez sejas boiola?
- Quero a língua dele! - disse o sujeito estranho, certo de seu triunfo.
- Vai desejar não desejá-la - disse John, com olhos sombrios.
Cercado por marginais da noite em uma grande cidade, John se preparava para o terror. Sabia que era pior que eles.
- Eu faço o inferno para vocês...
Retirou de traz do pescoço uma faca que roubara do vestiário da loja.
- "Bonsoir"...