5 de fev. de 2010

Tarde

Hei de alcançar

O Sol

Pois meu calor levaram

Hei de alcançar

Água límpida

Pois de lama mato minha sede

Nada resta

De quem compartilha e é traído

O Sol é longe

Água limpa não há

E Esperança era o nome de uma professora minha

4 de fev. de 2010

(36) Bico em suas entranhas

Cheiro de legumes perfuma o ambiente de chão batido e irregular. Baratas correm para as frestas das barracas de madeira, vasculhando migalhas de alimento no interior dos balcões. Centenas de grãos no chão e algumas frutas perdidas rolando pelo no terreno, graças ao sapateado dos pés dos fregueses.

John perambulava na feira ao lar livre, buscando alguns produtos peculiares que atenderiam o seu apetite singular. Observava o movimento das pessoas e tentava ler suas mentes. Chutava o produto o qual tal pessoa compraria e observava para concluir se estava correto ou não. Conseguiu uma margem de cinquenta por cento de acerto. Ficou satisfeito.

A barata subiu pelo emaranhado de túneis do balcão e alcançou o paraíso alimentício. Na barraca de frutas tropicais, ela petiscou cada sabor, ficou tonta de tanta alegria e morreu ao se deparar com o propietátio. "Pafftt!", e a barata caiu na terra batida, com o corpinho ferido.

John parou perto de um balcão com vários bebidas caseiras. Olhou em volta, lendo os rótulos das garrafas. Eram misturas mirabolantes, ele não imaginava que sabor teria cada uma delas. Olhou em volta, mas agora no sentido contrário. Achou uma mistura de mel de plantas com coca-cola. "Interresante!", cochichou para si mesmo.

O pássaro observava o movimento de cima. Encardido de sujeira e com feridas, o que mais lhe incomodava era a fome. Quase sempre a fome é superior a uma boa limpeza e a um pouco de dor. Então, avistou um pontinho preto. Ainda não estava pisoteada pelos transeuntes. Suculenta e fresquinha estava a barata no chão de terra batida.

O  mergulho do pássaro foi visto pelo menino que cuidava da barraca de melancia. Ele olhou, olhou e olhou e não tirou nenhuma conclusão pois um freguês acabara de chegar. Talvez não pensasse em nada se tivesse presenciado o resto da cena.

A barata voou com um bico inserido em suas entranhas.

John viu e tirou muitas conclusãos. 

3 de fev. de 2010

Multitextual

Sul - barracas de comida. Doces, sanduíches, churrasquinho...

Candomblé na areia da praia. Pessoas de branco sonorizando o ambiente com tambores e palmas. Homem fumando e a dançar com gestos corporais curiosos. Cantiga interessante.

Seresta. Mesas de plástico as quais acomodavam moradores, pessoas da terceira idade na maioria.
Dançarinos ao som da música. Pseudo dançarinos... bailarinos.

"Beber cair e levantar..."

"Olá cara! Tudo bem? Toca aqui! Deixa eu fazer uma pulseira para sua namorada? 2 reais só!"

Norte - barracas de artesanato...

"Parabéns pra você..."

Sorveteria lotada

Calor.

31 de jan. de 2010

(35) Entardecer em vermelho

O entardecer surge tímido, angustiado pela cena na casa. Luz vermelha que passa pela janela manchada. Chão ensopado. Substância quente e de cor vívida.
Amar um monstro é fingir ser cego para com atitudes que condenamos, pois o amor supera a tudo. Na verdade, assim que deveria ser. Seria o amor doentio? Enfim, o amor na literatura tudo pode ser. Este é assim.
Corpo sendo arrastado escadas abaixo. Rastros no chão e menina encolhida na parede. Moça, mulher, Bárbara. Chora e cheira o ar fúnebre, dedo na boca como bebê. Cabelos ensopados de suor. Finge não ver mas olha, terá de esquecer pois ama. E para amar tem de imaginá-lo perfeito. Nada de lamentar, ela deseja esse amor. Ele está apenas levando uma caixa para o porão, é água que há no piso.

Revolver no chão.

Corpo sendo arrastado para o porão. Sangue no chão.

Mulher sorrindo.