31 de dez. de 2009

Olá, ano novo!

Ano novo? Sim! Mas não totalmente, ele terá vestígios do ano passado. Nem tudo é novo, tudo é conseqüência de algo passado. Mas pode-se criar e eu acredito na inovação, mude para as coisas novas, apegue-se a elas. Viver às custas das coisas do passado nem sempre é o ato mais sábio a se fazer, às vezes coisas novas trazem resultados mais desejados, em sua maioria, coisas novas nos banham de prazer. Está na hora de largar aquele empreguinho chato e cansativo, aqueles amigos malvados que só pensam neles mesmos, sanguessugas interesseiros. É tempo de novas amizades e novos trabalhos. Ano novo! Vida nova? Não! A vida é unica e portanto cabe a você aproveitar o lado bom das coisas, a vida é bela, amigo(a), basta você enxergar onde reside a beleza, pois você tem uma vida apenas e ela não fica novinha do dia 31 para o dia 1, ela continua a mesma desgraça, se assim você quiser que seja. Portanto, aproveite o lado bom e novo, o lado ruim e velho deixe para as aranhas e cobras. Traga do antigo apenas os bons conhecimentos e lembranças, companheiros inseparáveis de infância, amigos leais. Parta para o novo e renove-se, sua vida pode e será melhor, basta acreditar e fazer acontecer.

Feliz ano novo e 'vida nova'! Um abraço!

30 de dez. de 2009

É a vida! (25)

O clima na cidade é abafado e aterrorizador. Carros despejam fumaça de gosto ruim, construções sombreiam a luz do sol e chove água dos ar-condicionados. Pessoas andam com pensamentos definidos, horários e compromissos. Não há espaço para resolver o problema dos outros, apenas quem está à margem pode oferecer alguma esperança.

- Hey! O carnaval já passou amigo! – disse o Mendigo.

Apuã sabia falar português, ele se virava bem, mas ler era complicado, não aprendera, ninguém em sua tribo sabia português, havia apenas um dialeto aportuguesado, aprenderam a falar fazendo trabalhos para os seringueiros. Seu português era horrível, porém compreensível.

- Você pode ler para mim?

Mostrou os papéis para o mendigo e deu um sorriso de por favor. O senhor esfarrapado olhou para ele e deu uma gargalhada, logo depois virou um pouco de sua garrafa de cachaça.

- Meu caro, este senhor aqui não sabe nem escrever o próprio nome!

- Eu também não!

- Vejo que você veio da floresta, os seringueiros não abrem mão de dar trabalho aos índios. Creio que você os conhece, hem, rapaz?

- Sim!

- Eles são perigosos, só pensam em dinheiro. És nada para eles, no menor descuido os rapazes entram em sua aldeia, abusam das mulheres e saqueiam tudo.

O senhor não sabia escrever mas era inteligente e sabia reconhecer muito bem uma situação de merecida ajuda.

- Não entendo nada que o senhor fala! – disse Apuã.

- Esqueça, rapaz. Minha filha chegará em casa brevemente, veja, ela mora ali. Dê uma passada por lá e fale com ela, diga que eu a indiquei. Ela poderá ler isso aí para você, me parece que são pedaços de jornais, será moleza. Ela lerá tudo, prometo, minha pequena criança tem um bom coração.

A palavra pequena criança fez Apuã lembrar de sua mãe de criação, Ataia. Ficou triste por um momento mas logo depois esqueceu essa tristeza, parecia ficar cada vez mais frio. Ainda pensava na mulher que viu na aldeia, a desejava muito, queria sua carne, debruçar-se em seus cabelos loiros, montar nela. Queria tudo, mas antes, deveria desvendar seu passado, depois, encontraria a mulher, a caçaria como um bixo, desvendaria os segredos do mundo em que ela vive e a possuiria. Ele prometeu para si mesmo.

- Veja, rapaz! Ela está chegando em casa, vá, rapaz, vá! Peça algo para comer também, ela não negará!

Apuã partiu em direção à casa cor-de-rosa, o passado talvez explicasse a escuridão que cresce em seus pensamentos e coração.

27 de dez. de 2009

Cão de Guarda

É curioso observar homens e mulheres em lojas, quando elas estão atacando as mercadorias. Parece que a raça masculina é indiferente para com a demora de suas companheiras para a escolha dos produtos, simplesmente sentam em um banquinho ali por perto e aguardam a complicada decisão das mulheres, na verdade, assistem a indecisão com olhos abatidos e rostos de desentendidos. Não discutem, talvez não o façam por amá-las demais ou por não quererem aborrecimento, eles já tem de enfrentar o decrescimento dos números da conta bancária, porém, para amenizar o buraco na conta, negam gentilmente a compra de alguns utensílios, com muito carinho e delicadeza em suas palavras, "não gostei, benzinho", "não combina com você", "poderás encontrar algo melhor em outra loja"; são basicamente vigias das consumidoras em potencial, afinal, doerá no bolso deles. Tudo isso é fruto de uma relação em que o homem é detentor da renda, mas quando a mulher tem renda própria a coisa muda. O homem é mais feliz e rico, não tem mais de vigiar as compras da mulher, saí passeando pelo shopping sozinho e larga a mulher nas lojas para que seja atacada por vendedores famintos por clientes e vendas, agora o rombo financeiro é por conta delas. Eles resolvem seus problemas, cuidam da aparência, compram coisas legais: o homem também tem de se divertir nas compras e contemplar o prazer do consumo.