16 de out. de 2009

É a vida!

Sim! Cuspiram em seu rosto e nunca haveriam de imaginar o que viria após a alma daquele homem se tornar nada. Observaram o rosto da criatura que para nada olhava, ignoraram o despertar de um monstro.
Ele levantou-se e olhou para os inimigos com ar de escárnio. Deu meia volta sem perder a pose extremamente pomposa, exalando ar de vingança. Planejou minimetricamente cada ato para que pudesse aproveitar cada momento, gravar cada imagem de angustia, deliciar-se com cada grito. Eles haveriam de sofrer demais.
- Cuspiram em mim, agora eles haverão de beber o escarro inteiro.
Não havia pressa, o prato principal é imaginar o plano e arranjar os recursos.
- A vingança é um prato que se come frio. Mas ainda prefiro a sobremesa, o melhor fica para o final.
Então era isso, a sobremesa era a carnificina. Um sorvete de morango com uma calda bem avermelhada, licor de cereja e rodelas de beterraba.
- Nada será rápido, dor é fundamental!
Então chegara o dia de deliciar-se com o sorvete. Tudo já estava organizado na mala da caminhonete cor de rosa. Levou exatamente 4 horas para realizar todo trabalho. Exatamente 1 hora para cada vítima.
- Para mostrar que sou justo, dediquei meu tempo igualitariamente para cada indivíduo.
A parte mais fácil estava executada. Tirando algumas residências as quais o piso ganhou uma decoração em vermelho, a cidade continuava a mesma. Chegara a hora da parte de dificuldade média - esconder corpos.
- Sou muito católico, pessoas mortas apodrecem em cemitérios.
Então era isso, pegou uma pá de jardinagem, parou em um cemitério localizado em uma cidadezinha qualquer e enterrou 4 corpos, colocou cruz e tudo.
- Esculpi as cruzes com as próprias mãos, meu pai era marceneiro e modéstia parte, sou tão bom nisso quanto ele!
A parte mais difícil era a que ele não queria executar, baseava-se em retirar a própria vida por não aguentar a pressão de conviver com a culpa de matar gente inocente. Mas ele era inteligente e se safou da última fase. Pensou: não eram inocentes, eram cuspidores. Cuspiam balas que assassinavam almas - eram criadores de monstros.
- Foi uma contribuição social bastante significante, eu deveria receber um prêmio!

14 de out. de 2009

Cidadane-se!


Cara, cadê meu cidadão?

A cidadania consiste em combater os malefícios que afligem a cadeia social. Destruir os malefícios sociais, extirpar desigualdades, usufruir dos direitos e cumprir os deveres estabelecidos pela legislação. Vejo uma cidadania distorcida pairando entre nós. A cidadania que contrasta com a desigualdade social; vejo uma democracia capitalista, a qual existe pois há pobres para serem explorados. Situação curiosa e não combatida pelos heroís cidadãos. Heroís utópicos. Cidadania como imagem e acão inexistente, como uma obra de arte a ser contemplada, porém sem reflexão alguma sobre a arte em si. Veja! Sou um bobo olhando uma obra boba! Enfim, a cidadania sendo ensinada nas escolas e pouco resultado; ensino por conveniência. Eis a inacabável luta entre o capitalismo e a cidadania! Onde reside o cidadão solidário, preocupado com a situação dos outros cidadãos desfavorecidos economicamente? Não mora comigo, creio que com você também não. Mora por aí, em um país que não é o Brasil, em um continente que não é a América Latina, em mundo que não se chama Planeta Terra. Creio que um dia residiu nas mentes de alguns filósofos e sociólogos, os quais levaram o pobre cidadão para debaixo da terra. Jaz o cidadão em paz.

13 de out. de 2009

Os Invisíveis

Lá estão todos eles. Andando com os olhos vendados, vendas da ignorância. Andado para lá e para cá entre os invisíveis. Passam longe, automaticamente. Ignoram mãos estendidas, berros, gestos obscenos, sinais incompreensíveis. Apenas ignoram o produto de suas próprias acomodações, seus filhos por direito. Atribuem culpados, os quais nunca serão procurados a fim de se pedir soluções para o incômodo. E os filhos da ignorância proliferam como pragas, enchendo as ruas pouco transitáveis. De vez em quando um morre por um motivo desconhecido, o qual ninguém deseja saber, um a menos seria um a menos para ignorar. Cheira "malcheiroso" o pobre. Cheira "bemcheiroso" o travestido de rico. Pobre rico, que rico não é, o qual vive no mundo em que se é cego para a desgraça de seus semelhantes. Pobre rico, que rico não é, o qual é mais pobre que o próprio pobre. Pobre de espírito, pobre de visão, pobre de solidariedade. O futuro chegou, erguem-se pontes entre os encardidos e os banho-tomado; pontes cada vez mais altas, abismos cada vez maiores. Continentes enfestados de miséria; governos luxuosos, população miserável. Cresce a "mídia" do mostrar o bonito e esconder o feio. E, enfim, lá estão todos eles - andando com os olhos vendados.

12 de out. de 2009

Really very fast?





O TAV (Trem de Alta Velocidade) será um linha ferroviária para transporte de passageiros que ligará São Paulo ao Rio de Janeiro (por que será?). A passagem custará entre R$150 e R$ 350, dependendo da "classe". O circuito terá cerca de 312 km de superfície, 107 km de pontes e 90 km de túneis. Estimou-se que até o ano de 2014 (ano da copa do mundo) o trem estaria em operação, mas graças a problemas tipicamente brasileiros é provável que o prazo não será cumprido. Iremos à copa do mundo de carroça. O edital do TAV sairá em 2010, empresas disputarão pela construção e operação do brinquedinho. Até o término da construção, estará bastante obsoleto, é provável. Mas tudo é possível, ainda temos esperanças de que tudo dará certo, ao menos meio certo. Teremos de viajar para São Paulo ou Rio de Janeiro para desfrutar o trem super moderno, que ligará apenas essa duas cidades, enquanto em outros países as pessoas estarão usando carros voadores.

11 de out. de 2009

Rastros




Correndo na praia e apreciando a música das marés. O Sol quentinho e pássaros voando cá, acolá, por ali e por lá.. Olhando para trás, observando rastros, meus próprios rastros que a maré hei de apagar em breve. Minhas pegadas, desenhadas em alguns segundos, segundos os quais nunca voltarão para que eu possa torná-los uma experiência diferente. Viajar, observar semelhantes e suas vidas, pensar no que eu estaria fazendo se não estivesse por ali. Aqui, o único presente conhecido que não é mais presente quando se pensa que é presente. Um passado eterno, tudo já passou, o presente é uma ilusão? Correndo e escutando a música das marés. Pessoas pescando, pacientes, pois peixe nunca há por lá. Na rua ao lado vidas passando, padaria lotada e vai e vem frenético. E eu lá correndo, talvez sem objetivo algum ou pelo simples fato de correr mesmo. Alguma Mata Atlântica ainda respirando ao meu lado, gritando por socorro, um grito mudo. Grito mudo que só eu pareço escutar, pois pessoas pescando só escutam pesca fresca. E eu lá correndo, correndo contra o sol e contra o vento, correndo contra desesperanças. Cheiro de mar e bafo oriundo da areia quentinha, queria água pois estava com sede, sede de respostas. E o pessoal ainda pescando, haja paciência.