A fila media cerca de alguns metros, aparentemente um rebanho. Digo um rebanho, não para os cidadãos ali presentes e sim para o pastor. O temível pastor do Terminal.
Uma espécie de cerimônia, a última de um desespero acumulado por décadas. Vestido elegantemente e munido da bíblia, o senhor de terno tentava salvar almas. Uma fila de infiéis, deveria assim concluir.
Infiéis risonhos e desleixados. Portanto, um pastor nada temível para a maioria. Mas quem castiga é Deus, talvez ele diria. O dia do julgamento vai chegar. Lá vêm eles, os sussurros no ambiente, e o louco do Terminal.
Senti até culpa, através das palavras proferidas com veemência. Eu, um pecador. Rápidos segundos de culpa. Já, já se foram. E ele, um louco, assim entendia a maioria. Mas, pensando bem, para ele os loucos somos nós. Loucos por não aceitar o Deus verdadeiro, por rir de suas palavras.
Ah! Todo mundo é louco então.