28 de jul. de 2010

Pobre Metal

A alma de um cavalo deve sentir-se ferida ao ver um automóvel ultrapassa-lo. Seus ansestrais carregaram o homem tantas vezes, agora uma carcaça de aço trabalhado faz tal atividade. Anda o cavalo e o carroceiro pela Rodovia do Sol, arredores de Terra Vermelha. Exceção de veículo no local, pois predomina o vai e vem dos carros.

O animal se satisfaz, ao levar em consideração a falta de sorte dos condutores motorizados. Será que alguma vez eles montaram em um animal como ele? Sentiram como é andar com quatro patas, contemplando a vibração proveniente do impacto das patas cascudas com a terra? A maioria certamente não. O animal se satizfaz com tal pensamento. São homens coitados, que não foram felizes com seus ancestrais, cavaleiros satisfeitos em cavalgar em grandes campos abertos, com seus parceiros de quatro patas.

Cavalos devem se alegrar ao andar por perto do Jokey de Itaparica. Ver aquelas pessoas montadas em seus semelhantes, divertindo-se com o galopar dos animas, pulando por ali e acolá esportivamente. Ah! O cavalo fica feliz e talvez até deseje estar naquele ambiente. Mas, na verdade, adora competir com todos aqueles carros. O cavalo gosta de exibir-se na rodovia, exibe-se e ri de todos os condutores de veículos motorizados. Perde na velocidade, mas ganha em muito mais. A alma sente-se ferida quando máquinas deixam para trás o animal, mas é revitalizada em saber de uma superioridade extremamente marcada.

O carro tem como força uma artificialidade chamada de combustível, o cavalo tem a vivacidez de andar pela força do sangue guiado por inúmeras veias. É a originalidade da vida, e essa originalidade compensa certas feridas inerentes à alma do animal, feridas proporcionadas pela tecnologia. Então sua alma é revitalizada, ele é vivo e isso não mudará.

Ah! Um jovem com seu primeiro carro, todo aquele carinho e cuidado, toda aquela exibição. Um cavalo também desejaria toda essa atenção, toda essa arte de torna-se importante para alguém. Ah! Jovem, um cavalo gostaria de retirbuir toda uma atenção bem dada, retribuir carinhos, e o faz muito bem. Carros vivem para servir, são frios e sem capacidades emotivas. Animas vivem pelo fato de serem úteis, e utilidade é lema para um bom cavalo, assim como também para um cachorro - divertindo a criançada -, ou um canário - a cantar pela casa alegrando o ambiente.

Incríveis cavaleiros que contemplam a vivacidade de um veículo de carne e osso, pensaria o cavalo. São espetaculares como os ancestrais que domavam os cavalos nas batalhas, nas carruagens, nas corridas... O cavalo é muito mais feliz que todos aqueles automóveis, pois é o único com tal capacidade: a de felicitar-se, outro motivo de grande alegria. Pobre os que montam o metal.

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