22 de ago. de 2010

A Basculante

Acordara assustado, com medo de sair. Sonhou estranhos fatos, acordou, pulando, e gritou. Nada vira igual, dolorosa realidade. Da janela avistou chover gente, montada nas gotas da chuva.

Não havia água em sua casa, apenas o zumbido da encanação vazia. Angústia lhe dava sede, e não podia matá-la. Angustiado demais em seus próprios pensamentos, supôs estar louco, e concluiu não estar. Era real em seus sonhos, como é real ao olhar pela sua janela. Apocalipse.

Preparou-se para o pior, o qual já conhecia. Tudo devidamente mapeado em seus sonhos. E no canto da parede ele se acomodou, com uma faca da cozinha em mãos. Palhaços vermelhos por ali passaram, sussurrando coisas abomináveis.

Agarrou a pequena foto da filha, e do coração jorrou sangue vermelho e vívido. A menina no corredor, e o pai no canto da parede. Lágrimas em ambos olhos, sangue no chão. Filhinha, vai dormir... Que papai já tá indo te cobrir.

Pela basculante, avistava-se chuva fina e serena.

Nenhum comentário:

Postar um comentário