18 de out. de 2010

Enforcando o assunto

Esta máquina devia chamar-se fonte de água potável, ou algo parecido. Bebedouro parece-me algo animalesco. Não é uma negação. Somos todos animas e não sei se sentimos mais que os próprios animais, os superiores e inferiores. Mas sentimos demais. Bebedouro é ofensivo. E estou sentido.

De encontro ao barbeiro, cortar o cabelo. O de sempre, senhor. Não há diálogo, ele já sabe meu gosto. Como se fosse sempre a mesma coisa. Hoje sou diferente, veja esta espinha novinha. O corte poderia combinar com ela.

Não gosto de conversar, e esse silêncio no ambiente, interrompido apenas pelo movimento da tesoura e pelo deslizar do pente no cabelo, já incomoda. Também há respiração das pessoas, passos. Não há palavras, quero palavras. Não vou falar nada, não gosto de conversas. Não seria eu mesmo.

Não tenho corda para arrastar o assunto.

E cortar cabelo faz cosquinha. É bom. Melhor que carinho na barriga, que também faz cosquinha. 

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