7 de jan. de 2010

É a vida! (27)

A mão bruscamente desenvolve um movimento em formato de arco e acerta um pescoço delicado. Precisava sentir novamente a sensação de fazer dor a alguém e de alivia-la com o tirar da vida. Tinha saudades de se debruçar no sangue sobressalente no chão, vermelho de ferro e ainda quentinho. Lambuzar as roupas, pintar o rosto, experimentar o sabor: como sentia falta desta vida!

Porque matar alguém tão repentinamente, em ato selvagem e com uma coisa tão banal? Primeiro: para ele era excitante matar com objetos diversificados e comuns. Nunca haveriam de pensar que morreriam por causa de uma caneta, com a ajuda da força de um maluco singular. Segundo: todo mundo é culpado, se a maldade for sinônimo de culpa. O mau é único não importando a intensidade, então todos somos maus. O mais simples pecado enche nosso corpo de maldade, e o mau é acumulativo. Quando há desequilíbrio exacerbado entre bem e mau, favorecendo o mau, nos transformando algo como John. Ele gosta de ser assim, se acha especial. Era como se fosse algum semi-deus, filho de alguma divinidade sanguinária, vencendo a morte com sua prole.

Pessoas tendem a esconder sua maldade, apagar. Em vão, ela sempre estará lá. A maioria sabe esconder muito bem, controlar, encaixotar em pensamentos bons. Mais sempre um é do contra, como tudo na vida.

Ele não é aberração, é apenas o mau humano em sua pura forma. Nem humano, nem deus; é mau e mau ultrapassa tudo isso.

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