18 de jun. de 2010

O cômico do trágico

Joseph descia pelo o elevador, escutando o vizinho gritar pelo corredor que acabara de deixar. Gritos de descontentamento pelo café da manhã não à disposição na mesa. "Ok! Eu como no trabalho!". "Não! Eu não quero mais saber! Eu nem me importo mais!". A distância entre os andares aumentava e o som se perdia, ecoando, rebatendo, dissipando-se pelo fosso do elevador. A gritaria não mais alcançava os ouvidos de Joseph.

A atenção voltou-se para o som das cerdas a serem precionadas no chão da portaria. Estava no segundo andar e já conseguia ouvir Tia Ana, a faxineira, limpando o chão. O vai e vem da vassoura acumulava a poeira entre as cerdas. Logo em seguida, ela batia com o instrumento no chão, tentando se livrar da sujeira. Joseph imagina a cena, fazendo de imagens sonoras imagens visuais. Por porco tempo, pois o elevador já sinalizava P, de portaria. O elevador abriu sua porta e o menino cessou de imaginar. Encarou Tia Ana, trocando um bom dia. "Bom dia, Josefh!". "Ei, Tia!".

Atravessou o portão principal do prédio e olhou para o céu. Ameaçava chover e fazia algum frio, nada que lhe incomodasse. Ouviu três estrondos. O primeiro, breve; o segundo, mais alto; o terceiro, a sua frente. Um corpo caíra no chão. Reconheceu: a mulher de seu vizinho.

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