7 de jul. de 2010

Vuvu vá

Em tempos de copa, Vuvuzela é um indivíduo particularmente chato. Exibido aos montes, irritante do mesmo modo e presente quando nunca se quer por perto. O Vuvuzela cismou em perseguir minha pessoa; e sempre se faz presente, sempre que não é requisitado.

Observe. Em partidas de futebol, lá está o Vuvuzela. Supõe-se que, eu, na frente da TV, tenho como objetivo assistir ao jogo de futebol, benditos jogos da copa do mundo. E gostaria, em paz. Mas, lamentavelmente, está Vuvuzela ao meu lado. Voz irritante, corpo decorado de verde e amarelo, munido de uma tortura acústica sobrenatural. 

Lá vem um lance importante... Gol? Falta? Cartão vermelho? Não... Vuvuzela gritando. Minhas mãos nos ouvidos, olhos fechados e Vuvuzela reclamando. Cadê? Perdi o jogo, a concentração se foi. Não ouço mais os comentários dos narradores, o apito do juiz; nem consigo mais prestar atenção nos lábios dos jogadores, do técnico, dos reservas. 

Gosto de adivinhar o que eles dizem, um espécie de leitura labial. Talvez, desta maneira, eu aprenda algum tipo de dica sobre futebol. Mas, conclui que a cada quatro palavras ditas, três delas são palavrões. Principalmente em jogos tensos, mas não necessariamente. Então, esse meu passatempo é inútil. Relatei tudo isso, essa minha mania, para que vocês entendam claramente o meu recado ao Vuvuzela: “Caríssimo, leia os lábios dos jogadores, você encontrará palavras inconvenientes que eu gostaria de dizer a você, sobre você”. PS: eu estou falando sério. 

Vuvuzela aqui, Vuvuzela acolá. Vuvuzela berra. Tagarela. Também aqui, em minha janela. Desespera. E em nada manera. 

Indivíduo desregulado; ora grita de felicidade, ora reclama de insatisfação, ora berra sem motivo algum. Ainda quer certa intimidade, quer ficar grudado aos meus ouvidos. Distância, por favor. Acredite, isso incomoda. Certo... Vuvuzela, tenho tudo contra você, mas nada contra as pessoas que adoram escutar os seus estridentes berros. Grite, grite, esgoele-se; mas, longe de mim. Um raio de dois quilômetros parece-me razoável. Quero assistir aos jogos em paz. Ficarei feliz e você poderá fazer o que quiser. Lembre-se: a dois quilômetros de distância. 

Não, Vuvuzela. Não vou lhe chamar de Vuvu. Não quero intimidade para com quem eu não tenho afinidade. Mas se chamar-te de Vuvu, carinhosamente, o fará partir; e eu espero que sim. Então, Vuvu vá! Vá embora!

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