4 de jun. de 2011

Criança, um futuro

Seus movimentos lentos ao acordar não refletem seu futuro conturbado. Estes adoráveis e inseparáveis chinelos serão trocados por saltos. Sorte tua se fores alta, pois quanto menos cresceres maior será o fardo para teus pés. Clamarás os chinelos quando não poderás usá-los, assim como fazem as moças de hoje em dia. 

Esta bolsinha de brinquedos, substituída por uma de utilidades para o negócio. Celulares, agendas e coisas femininas inúteis para mim. E estes olhos, um olhar de terror ao desconhecido, uma simples penumbra da noite, trocado por uma visão destemida do futuro, uma claridade artificialmente forçada.

Entregando seus brinquedos a cada adulto por ali, um presente por eles lhe prestarem atenção incondicional e mais que especial, no vocabulário deles. Esperta para reconhecer e mais ainda para retribuir. Na verdade, eles deixam escapar a inveja por você ser o que é.

Faço uma proposta. Que tal comer no chão ou sobre seus brinquedos? Ainda pode e poderá, escondida ou por descuido de seus responsáveis.

Ainda pode ou poderá, enquanto todos esses anos não passam. Acordar em prontidão, calçar seus saltos e preparar a bolsa, ou talvez simplesmente deixá-la acumular de papéis, como muitas senhoritas já o fazem a décadas. Coisas que reservamos para o seu futuro.

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