6 de jun. de 2011

Outra teoria totalmente esdrúxula

Epifania é um termo, há tempos usado e explicado por um amigo meu, o qual finalmente poderá ser mencionado. Mas refiro-me a algo ausente de todas estas epifanias mundanas, pois a presente deverá ser vista como estritamente local ou pessoal, para os que assim desejarem.

Pessoas nivelam suas conversas ao telefone a certa dramaturgia. É a busca por certas necessidades. Digo pois também o faço, e sei como funciona. Eis que uma moça, ao telefone com o amado, sorri ao amigo que ali passa. É uma conversa a longa distância premiada, um troféu da atenção de alguém muito querido, ou supostamente assim entendido. Diz que sorri para o namorado, somente. Espécie de exibição para si mesma. 

As pessoas precisam de fatos em que acreditar.

Entendo um suposto, quase provável, sufocamento de certos sentimentos. Um olhar entre os dois amigos, o namorado dela ao celular, um sorriso mágico de satisfação. Eis a fórmula.

Mas imaginemos que, por acaso, o amigo tenha como hobbie capturar a imagem das pessoas. Com sua parafernália, vai aos eventos e registra todo aquele aglomerado de corpos. Então, ali estão indivíduos do sexo oposto, mulheres jovens e bonitas de preferência. Foto. E podê fazê-la, pois está autorizado. Paraíso para análise de formas femininas e outras coisas menos significantes que a primeira. O melhor consiste em reparar nos olhares das moças, ora em direção a ele, ora em direção a outra coisa. Ele prefere acreditar que o centro das atenções não é o equipamento hi-tec.

As pessoas precisam de fatos em que possam acreditar.

Consiste em uma espécie de vingança, de ambos lados, inconscientemente ativa. Uma mais esdrúxula, outra às escuras. Sempre sem querer. Saberiam acerca do outro rumo que suas vidas poderiam ter tomado? Pouco duvidoso.

Mas, de fato, agora vejo e acredito que epifania seria uma palavra um pouco forte. Talvez tudo isso seja óbvio demais, por isso às vezes renegado a um segundo plano mental e nunca percebido. 

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