13 de mai. de 2010

Algo mais

São olhinhos azuis que cismam em olhar incessantemente em duas direções. A primeira, o rapaz de cabelo bonitinho. A segunda, a casca de banana. O plano é tosco. Fingiu andar distraída, fingiu pisar na casca de banana, fingiu escorregar. Simulou que caiu. Certamente, o rapaz não a deixaria ali no chão. Era a mais bonitinha da classe, a mais comentada entre os garotos, o pecado do momento. Claro que o rapaz se aproveitou da situação. Aproximou-se e entendeu a mão. Ela concedeu a ajuda, com um sorriso não simulado. E, ao levantar, abraçou-o em um gesto de agradecimento. Ele franziu a testa ao se deparar com a situação e sussurou um "de nada". Sussurrou algo mais, algo que a fez sorrir novamente.

O abraço prolongou-se demais e a multidão parava para ver a cena incomum. Afinal, não eram namorados. Eles perceberam a incoerência e se separaram com muito receio e pesar.

São olhinhos azuis que cismam em olhar o rapaz andar na direção oposta, com o vento movimentando os cabelos bonitinhos. E o sorriso se refaz quando a memória traz a tona o susurro. O sussurro que era algo mais. 

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