12 de out. de 2011

O rito

Cercado por fortificações não hostis, por isso agradavelmente suntuosas e desarmadas, está a concepção propriamente dita do ser humano. Insignificante para a maioria, irrelevante para grande parte, relevante para pouco menos de uma minoria, e entendido como importante para três ou dois.

Por sorte e por vezes, em tempo de certa sanidade, destreza ou necessidade, encontra-se entreaberto o portão da fortificação. É que, durante a penumbra da noite, a concepção propriamente dita humana, de maneira furtiva e desengonçada (o que torna o ato delatável) gira as engrenagens da casa de máquinas até se ver uma pequena brecha na grandiosa porta de entrada, o suficiente para a passagem de alguém.

Assim, o fato das pessoas entrarem por ali torna-se além da possibilidade de nula. De longe, a pequena brecha nunca haverá de ser vista. Mas, por perto da construção é praticamente impossível que se passe por despercebida.

Entende-se um pequeno jogo, uma pequena prova, o teste. O interesse ou a curiosidade levaria de encontra à fortaleza, a suntuosidade poderia seduzir, a pequena brecha deverá ser convidativa a entrar. Praticamente como um rito de passagem, certa verificação de valores e concepções.

Por sorte, esses três ou dois indivíduos podem ser fisgados. Ou, por azar, nunca haverão de passar ali por perto. Talvez outras estratégias devem ser utilizadas. Mas, por hora, a presente ainda parece ser adequada e ajustável a própria concepção propriamente dita humana.

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