5 de nov. de 2009

É a vida! (11)

Reinava no jardim um silêncio merecedor de melhor Oscar. Yasmin se preparava para sua dormida habitual, em sua cama  estranhamente personalizada. O silêncio fora quebrado por passos macrabos, estilo botina de chuva tamanho 46. A cabeça de Yasmin tentou espiar lá fora, mas o restante do corpo resistiu a perigosa tentação.

Como todo bom cidadão assustado com coisas estranhas desenrolando em sua vizinhança, Yasmin fora ligar para a polícia local. Em vão, telefone mudo. Poucos minutos depois a energia elétrica ficou no passado, escuro absoluto.

Não, Yasmin, não se desespere. Corra para a saída em busca de socorro. Grite por ajuda.

Na escuridão absoluta, cortada apenas pela pouca iluminação proporcionada por uma belíssima lua cheia, Yasmin começou a caminhar em direção à porta. Chegou ao destino, porém ficou extremamente intrigada por encontrar a porta trancada.

- Mas eu não tranquei a porta...

John já estava no domínio da situação, o show já havia começado. Carregando sua maleta, suas toscas ferramentas, começou a executar o plano.

Yasmin encontrou seu gatinho, foi acariciá-lo em busca de um consolo - afinal era apenas ele e ela dentro da casa, que parecia isolada da realidade exterior. Passou a mão no felino, sentiu-se mais calma - ela não estava sozinha.

- Graças a deus, tenho você, Bobby!

O cabelo a incomodava. Yasmin passou a mão no rosto, buscando uma solução para o cabelo que incomodava seus olhos. Sentiu algo estranho, um líquido estranhamente quente. Definitivamente não era xixi de gato... não.

Finalmente Yasmin encontrou as lanternas que estavam muito bem guardadas. Aquela líquido pegajoso ainda incomodava bastante sua face. Resolveu ir atrás de um espelho. Péssima idéia... sangue de Bobby decorava seu rosto.

O pânico foi instantâneo. Era o sinal para John entrar em ação, tudo fora planejado pelo mesmo. A atriz estava pronta e devidamente maquiada para a cena, a cena principal de seu filme. Além de pânico real, sangue de verdade era requerido, sangue de gatinho era fraco demais. Isso não era problema para John. Com uma câmera portátil na mão, ele sacou a faca e pulou em Yasmin, foi  divertido. Minutos depois tudo estava decorado de vermelho. Estava tudo concluído, o cenário, o cadáver, a cena.

Linda olhava para a belíssima lua, não muito longe dali. Em um carro vermelho ela esperava o regresso de John e seu filme maluco.

Lua vermelha...

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