6 de nov. de 2009

A Árvore da Vida



Cortaram-lhe o fluído vital.


Cortaram-lhe o que lhe mais era prazeroso. Definhou, as folhas desabaram tão breve quanto vida bacteriana. As flores perderam o desfile multicolorido, tornaram-se monocromáticas peças de órgãos reprodutores. Os galhos ficaram ao relento, sentia frio, sentia-se inseguro. Os animas que sempre ali passavam não mais tinham interesse algum por aquele gigante seco, amarronzado e sem graça. Enfim, não ficou só - tinha a companhia de seus cupins. Esperou pacientemente pela próxima oportunidade de apreciar a verdadeira vida, a qual experimentara algum tempo atrás. Esperou por meses. O tempo haveria de encontrar algo para curar seus órgãos definhados. A seiva passava com dificuldade, faltava-lhe fluidez. Parecia morrer, parecia desistir de experimentar novamente aquela energia revitalizadora.


Caiu do céu o primeiro sinal de esperança: gotículas de água refrescaram seu corpo deformado, lavaram as impurezas. O ventou começou a soprar em seu favor, trazendo os nutrientes tão esperados em suas correntes de ar. Ele sentiu o amor de viver novamente, espetáculo da renovação. Sentiu a força voltando às raízes, soergueu-se. A fluidez voltara à sua seiva, as folhas nasceram desfrutando um mel inegualável. Restabeleceu-se, uma esplêndida e frondosa árvore.


Encontrou novamente o que lhe haviam tirado.


Um comentário:

  1. "Ele sentiu o amor de viver novamente, espetáculo da renovação. "

    Vestigios seus!

    ResponderExcluir