19 de nov. de 2009

A História da Bolinha Azul

Inspirada na excelentíssima aula de David Protti.

ERA UMA VEZ uma bolinha azul. Ela era incrivelmente azul, definitivamente azul. Adimito: era azul. Um dia ela caiu em um retângulo de água extremamente azul. A bolinha se perdeu na imensidão azul, olhou-se nos quadradinhos e viu que nada via. Tentou nadar para cima, em direção ao céu azul. Falhou. Ficou azul de tanta raiva. Azul escuro. Olhou-se novamente nos quadradinhos, constatou uma pequena diferença não muito animadora. Logo voltou a ser da cor da água, azul. Pensou: que hipócrita pintou a água de azul? Ela não deveria ser transparente? A bolinha passou muito tempo lá embaixo, esqueceu que era redonda pois não havia como enxergar a si mesma.

Certo dia esvaziaram o retângulo azul, foi-se embora toda a água azul. Jazia a bolinha azul em meio aos quadradinhos azuis os quais forravam o retângulo azul. A bolinha ficara tão feliz, a água havia sumido. Mas ela entrou em crise novamente – bastou se olhar nos quadradinhos azuis. Muito tempo depois a bolinha pensou que era quadrada, triangular, helicoidal, pentagonal, oval. Desanimou-se até o dia em que alguma bolinha alada que não era azul cruzou o céu azul e defecou no fundo azul do retângulo. Uma idéia se apoderou da bolinha. Pulou, rolou e quicou na titica esverdeada. Bolinha verde. Olhou-se nos quadradinhos azuis e constatou: bolinha verde nos quadradinhos azuis.

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