8 de fev. de 2010

(38) Como economizar com tintas

Os frascos, distribuídos em prateleiras de mogno, brilhavam quando a lanterna do capacete de John passava sobre eles. As luz revelava-se colorida em cada frasco. O feixe de luz passava e um show de luzes era revelado na parede do porão.

John trabalhava com sua lanterna, amarrada na cabeça, focada no cadáver. Tinha à sua direita o caderno de anotações, as quais indicavam as partes de onde cada cor deveria ser extraída. Sua esquerda era reservada para os frascos vazios que receberiam tintas frescas. Desviava de vez em quando o olhar para as prateleiras de mogno, com o intuito de refletir sobre o procedimento. Em uma mesinha por trás dele havia algumas substâncias em pequenos frascos, que só ele conhecia a procedência, as quais eram utilizadas junto com os fluidos corporais com o intuito de obter cores específicas.

O corpo do cadáver emitia barulhos estranhos provenientes dos gases da decomposição... alguns movimentos involuntários... cheiro forte de podridão. John protegia-se com roupas espessas, luvas e uma máscara bastante antiga, que não inibia o fedor mas protegia de algumas bactérias. Não importava, ele já havia feito aquilo dezenas de vezes e o mau cheiro já não o incomodava.

Não é preciso ter estômago forte ou algo parecido. Ele acreditava que tudo era questão de costume. Matar, cortar, brincar com órgãos. Você se acostuma com coisas más e acaba gostando. Infelizmente.

Na manhã seguinte acordou cedo. Foi ao Shopping e entrou na maior loja de pintura da cidade. Comprou uma tela enorme, que quase não passou pela porta da casa de Bárbara, sua generosa amiga, a qual permitia o privilégio do uso do porão para fins demasiadamente ilegais.

Desta vez ele pintaria com os dedos.

Pintura com cores mais vivas que esta a qual produziria? Impossível.   

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