11 de fev. de 2010

Pássaros Cozidos

Chegou no quintal com a curiosidade de observar o clarão no céu. O risco de luz atravessou o céu como um raio em dia de temporal. E o logo o céu não era mais como ele conhecia. Observando... observando as plumas das aves que circundavam o céu. Desabaram cozidas no chão de sua casa. Correntes de ar levam bruscamente as telhas dos vizinhos, o cachorro da tia e tudo o que não tem força o suficiente para se aderir ao chão de maneira a não voar por aí. Os gritos dos pais e o apelo da irmã eram de pouco impacto comparado ao céu em chamas. O clarão vindo do céu torna-se nítido graças a pouca distância que se encontra do menino. E então, ele descobre o feixe de raios. E que se separam... e que se separam e se dirigem aos seus amados e condenados. Então observa os membros dilacerados em voo livre pelo seu quintal, as perninhas de sua irmã e as roupas da mamãe perambulando pela vizinhança. O cachorro da vizinha ficara esmagado embaixo do caminhão do Senhor Abelardo, sangue voando pelos ares. E os raios esquartejavam a vida humana que na sua frente passava. Os folhetos da pizzaria encobriam as árvores e logo o fogo consumiu tudo: folhetos, árvores, as perninhas da irmã. E as lágrimas voavam com o vento, acompanhados pelos raios provenientes do belíssimo céu e dos brinquedos das crianças. Seria os últimos que veria. As coisas começam a desprender do chão, como se estivessem fartas do chão e resolvessem voar. Todos sonham em voar, até ele sonhava. E ele inicia a decolagem, voa alto até encontrar o seu próprio raio. "Irmãzinha! Mamãe!". Fez-se o clarão e o fim do mundo dele. E então, tudo fica calmo como deveria ser.

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