16 de jan. de 2010

É a vida (31) - Uma pedra no caminho

A tarde escurecia rapidamente, logo a noite cai reinante com suas belíssimas e misteriosas estrelas.

- Quando morremos nos transformamos em estrelas. Esperamos pacientemente por outra oportunidade aqui em baixo. Observe como as almas são brilhantes - disse John, observando o céu da janela na sala de estar.

Depois do incidente ele parecia ter se apossado da casa e de sua dona.

- O que você quer? - disse a moça.

Bárbara não era feia nem bonita, tinha uma beleza singular, quem sabe mediana. Lábios grandes e olhar de sonolência, corpo escultural e cabelos pretos encaracolados, morena e alta.

- Refrigerante. O que você esconde em sua geladeira?

Atravessou a sala com as mãos para trás, achava esse jeito de andar muito elegante. Tinha uma postura esplêndida. Bárbara observava, fitava o homem estranho dotado de características interessantíssimas. Ele chegou à cozinha e assaltou a geladeira. Delicadamente abriu a porta, colocou a mão direita no queixo, em um gesto reflexivo, e se alegrou com a descorberta.

- Espetacular...

Pegou a garrafinha de vidro e abriu com a mão, em um invejoso ato de habilidade. Coca-Cola geladinha...

- Isto não pode faltar em minha vida! Malditos americanos...

Ela o olhava, parecia estar hipnotizada por aquele rapaz que aparentava ser mais velho pelas palavras, mas que possuía aparência jovial simplesmente divina.

- O que é você? - perguntou Bárbara.

- Uma pedra no seu caminho, minha cara - repondeu ele, piscando o olho esquerdo de modo provocativo.

Olhou para cima e viu o corredor superior. Apreciou a escada de madeira nobre, talvez mogno. Tocou e sentiu a textura do corrimão.

- Você pretende ficar? - perguntou a moça.

Ele olhou para Bárbara e sorriu. Colocou um pé no primeiro degrau e depois de alguns segundos iniciou a subida. Parecia estar avaliando a estrutura da casa. Gritou em uma voz suave:

- Poderia me trazer um sanduíche, por gentileza?

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